O facilitismo pode sair caro


António Costa tem insistido no “virar da página da austeridade”, num tempo novo, o que levará muitos a acreditar que os tempos que se avizinham serão um mar de rosas.


Para qualquer um que não acredite cegamente nesta nova aliança da esquerda, são muitas as interrogações que se colocam. Uma das mais prementes diz respeito às contas do Estado: será que vão bater certo?

O governo liderado por António Costa anunciou a reposição de cortes salariais, o fim da sobretaxa, a descida de impostos, o regresso dos feriados. Possivelmente algumas portagens também vão deixar de ser cobradas.

Ora, tantas benesses deixam mesmo o mais crédulo desconfiado. Será que o novo ministro das Finanças possui uma varinha mágica com o condão de multiplicar o dinheiro? É que, mesmo em circunstâncias normais, os números de Centeno – que além de tudo isto prevêem ainda, surpreendentemente, uma descida do défice – parecem demasiado optimistas.

Mas e se houver um imprevisto? Um buraco como o do BES para tapar? Oque acontecerá se os juros da dívida subirem? Existe margem para fazer face a essas contingências (os cofres cheios de que falava Maria Luís Albuquerque) ou, como é mais provável, as coisas vão descambar?

António Costa tem insistido no “virar da página da austeridade”, num tempo novo, o que levará muitos a acreditar que os tempos que se avizinham serão um mar de rosas.

Além do possível desequilíbrio das contas que implica, há um aspecto perigoso neste tipo de discurso. A austeridade foi dura, mas teve pelo menos um mérito:criou-se em Portugal uma certa cultura de exigência que nos tornou mais competitivos. Ora, a distribuição de benesses, o regresso dos feriados e outras medidas bem-intencionadas apontam pelo contrário para um certo facilitismo. E o facilitismo, em tempos incertos como os que vivemos, pode sair-nos muito caro. 

O facilitismo pode sair caro


António Costa tem insistido no “virar da página da austeridade”, num tempo novo, o que levará muitos a acreditar que os tempos que se avizinham serão um mar de rosas.


Para qualquer um que não acredite cegamente nesta nova aliança da esquerda, são muitas as interrogações que se colocam. Uma das mais prementes diz respeito às contas do Estado: será que vão bater certo?

O governo liderado por António Costa anunciou a reposição de cortes salariais, o fim da sobretaxa, a descida de impostos, o regresso dos feriados. Possivelmente algumas portagens também vão deixar de ser cobradas.

Ora, tantas benesses deixam mesmo o mais crédulo desconfiado. Será que o novo ministro das Finanças possui uma varinha mágica com o condão de multiplicar o dinheiro? É que, mesmo em circunstâncias normais, os números de Centeno – que além de tudo isto prevêem ainda, surpreendentemente, uma descida do défice – parecem demasiado optimistas.

Mas e se houver um imprevisto? Um buraco como o do BES para tapar? Oque acontecerá se os juros da dívida subirem? Existe margem para fazer face a essas contingências (os cofres cheios de que falava Maria Luís Albuquerque) ou, como é mais provável, as coisas vão descambar?

António Costa tem insistido no “virar da página da austeridade”, num tempo novo, o que levará muitos a acreditar que os tempos que se avizinham serão um mar de rosas.

Além do possível desequilíbrio das contas que implica, há um aspecto perigoso neste tipo de discurso. A austeridade foi dura, mas teve pelo menos um mérito:criou-se em Portugal uma certa cultura de exigência que nos tornou mais competitivos. Ora, a distribuição de benesses, o regresso dos feriados e outras medidas bem-intencionadas apontam pelo contrário para um certo facilitismo. E o facilitismo, em tempos incertos como os que vivemos, pode sair-nos muito caro.