O governo tomou posse, António Costa escolheu uma equipa política e tecnicamente forte, muito competente, e começa agora a funcionar a solução que muitos julgavam impossível. Terminou o tempo das maiorias, que poucas vezes se empenharam num verdadeiro diálogo para encontrar soluções. O parlamento está no centro das decisões, com uma nova capacidade de ouvir e falar. É uma nova era na democracia, em que deixa de haver partidos que apenas se assumem no protesto. A partir de agora a esquerda está unida numa solução, que todos perceberam que é vital para cada um dos partidos e principalmente para o país. Não serão dias fáceis. Nós, jornalistas, teremos a tentação de explorar e descobrir divisões de opinião em relação a cada decisão, mas esta será a realidade de uma maioria construída exactamente nessa pluralidade de pontos de vista. Mais que as divergências, será fundamental perceber as convergências para entendermos o verdadeiro rumo desta solução à esquerda. Nesse caminho veremos a força e a capacidade de cada governante, a que se vai somar o contributo activo de muitos deputados. Nunca foi assim na nossa democracia, mas este jogo poderá tornar-se interessante se todos os jogarem com liberdade, elevação e uma imensa capacidade de compromisso na palavra dada. Dessa verdade nascerá uma capacidade de mobilização que poderá apagar as muitas dúvidas à volta desta solução.
Do debate alargado, com muitas ideias, surgem sempre soluções melhores. O país vai agora entrar num modelo de governo assente neste princípio de diversidade, participação, compromisso, que só poderá funcionar se todos respeitarem as fronteiras da lealdade, que se constrói igualmente no respeito e na admiração pela divergência.
Sou daqueles que acreditam que há sempre um outro caminho e que nada tem apenas uma solução. Vamos ver como funciona esta.
Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira