Sporting. Fredy espalha o terror em Moscovo

Sporting. Fredy espalha o terror em Moscovo


Montero parou a locomotiva, Gelson e Matheus destruiram o que restava da equipa russa. Leões na corrida pelo apuramento.


Fredy espalhou o terror em Moscovo. Não o Krueger, que a Elm Street fica longe daqui. Falamos de Montero. O colombiano voltou a ser titular, desta vez sem Slimani ao lado, e foi crucial na reviravolta do Sporting frente ao Lokomotiv. Os russos marcaram na primeira vez que foram à baliza e os leões tiveram de usar o seu melhor fato de gala para sair da Rússia com o prestígio intacto. Montero empatou o jogo, fez duas assistências e ao intervalo o Sporting já vencia por 3-1. Gelson e Matheus também ajudaram à festa – não é segredo em lado nenhum que a formação leonina continua a produzir extremos de qualidade acima da média. O marcador parou nos 4-2 e a equipa de Jorge Jesus só depende de si para selar o apuramento para os 16-avos da Liga Europa.

O treinador matou três borregos de uma só cajadada. Há 18 jogos, desde Setembro de 2011, que o Sporting não vencia fora nas competições europeias (2-0 em Zurique). Há 11 anos, quando os leões bateram o Dínamo Tblissi (4-0), que o clube não conseguia fazer quatro golos fora de Alvalade. E o clube nunca tinha vencido na Rússia.

Moscovo está longe de ser uma cidade fácil para se jogar. Pelas suas equipas e, claro, pelo frio (o Sporting enfrentou temperaturas negativas à hora do jogo). Mas ontem havia um adversário ainda mais complicado: o trânsito. Os leões driblaram a hora de ponta, mas a equipa do Lokomotiv, retida em longas filas, teve de largar o autocarro e apanhar o metro para chegar ao estádio a tempo do apito inicial. Já em 2006 o Spartak teve de utilizar a mesma estratégia para não falhar o jogo com o Inter. Na altura, os moscovitas perderam por 1-0. Chegar ao estádio de metro era o primeiro prenúncio que a equipa da casa ia ter uma noite adversa.

Reviravolta Jesus apostou em Ruiz nas costas de Montero, deixando as alas entregues aos jovens Gelson e Matheus. Embora sem muitos titulares, o Sporting não prescindiu de Ewerton, Adrien e João Mário. Era um sinal de que a equipa ia a Moscovo para ganhar e não simplesmente para estar em campo 90 minutos, como aconteceu na Albânia (vs. Skënderbeu). O golo de Maicon na primeira ocasião só serviu para reforçar o empenho dos leões em apagar a má imagem da jornada anterior: a equipa não se desfez e foi com tudo para cima do Lokomotiv. Os russos, que tinham vencido em Alvalade (3-1), não respiravam. A partida desenrolava-se apenas numa metade do terreno.

Foi então que Montero abriu o livro. Aos 20’ desviou na pequena área um cruzamento de Esgaio; aos 38’ ofereceu o golo a Ruiz (belo pormenor a picar a bola por cima do guarda-redes); aos 43’ fez um passe magistral que isolou Gelson. A inspiração do colombiano permitia ao Sporting chegar ao intervalo a vencer por 3-1. A locomotiva russa andava a vapor enquanto os leões se deslocavam num TGV. Os primeiros 45 minutos foram uma demonstração de poderio por parte do Sporting.

Matheus promete Os russos perceberam que o resultado podia assumir contornos exagerados e voltaram para a segunda parte apostados em inverter a superioridade verde. O Sporting demorou dez minutos a equilibrar o jogo e teve sorte em não sofrer o 3-2. Depois Gelson assistiu Matheus e o extremo de 19 anos teve calma para fazer o 4-1. O jovem conseguiu o seu terceiro golo na Liga Europa, o quinto pela equipa principal em apenas seis jogos. Foi um lance decisivo para acabar de vez com a esperança russa.

Como seria de esperar, a intensidade do encontro foi baixando. Perto do final o Lokomotiv reduziu para 4-2 mas o vencedor há muito que estava encontrado. O justo triunfo em Moscovo devolve a esperança no apuramento à equipa de Jorge Jesus. Embora a Liga Europa não seja a prioridade – segunda-feira os leões recebem o Belenenses e tentarão manter a liderança no campeonato –, os 16-avos estão agora ao alcance. Se vencer o Besiktas em Alvalade, o Sporting segue em frente. Em caso de empate pontual com o Lokomotiv, a equipa portuguesa tem vantagem no quarto critério de desempate (golos marcados fora nos jogos entre ambos: 4 contra 3).