Começa sexta-feira a XXIª edição do festival Caminhos do Cinema Português. Vai decorrer em Coimbra de 27 de Novembro a 5 de Dezembro, e pretende atingir público de todas as idades.
O festival nasceu em Coimbra, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e parecem ser as raízes a segurar a localização do evento. O director da organização, Vítor Ferreira, acusa o investimento do munícipio de ser “muito pequeno”, e refere que “se houver alguma autarquia interessada em apoiar um projecto de alguma dimensão, e com uma reputação e credibilidade à prova de balas estamos dispostos a equacionar isso”.
“Não é um evento perfeito, mas é um um grande evento para a cidade e para o cinema português enquanto um espaço de produção deste próprio cinema”, afirma Vítor Ferreira. Contam com a presença de entre oito a dez mil pessoas, que nota, “é uma afluência superior aquela com que contam as bilheteiras de alguns filmes”. Para que o projecto decorra de acordo com as expetativas, é preciso apoio financeiro. Cerca de 50 mil euros, é o necessário. Porém, “é a parte mais dificil do festival”, contando com o programa de apoio a festivais em território nacional, do ICA, um “pequeno apoio da autarquia de Coimbra”, e de várias entidades que não fornecendo dinheiro, cedem espaço e materiais. Paralelamente, decorrem actividades pagas para ajudar a sustentar o festival, como o simpósico e o curso de cinema. Pagam as despesas, mas não têm lucro.
O festival vai decorrer em diversos locais da cidade, numa tentativa de “descentralização do evento, atingir novos públicos, e dar a conhecer novos espaços”. Se o teatro Académico Gil Vicente é já tela habitual de passagem de obras cinematográficas, a sessão de abertura decorre pela primeira vez no auditório do Conservatório de Música. Este ano o projeto é também acolhido pelas salas de cinema NOS, numa estreia que leva o festival a um espaço comercial, “o que demonstra que uma distribuidora tem sensibilidade para o cinema português”, diz Vítor Ferreira.
O fio condutor? “Desconstruir a ideia de que existe apenas um tipo de cinema em Portugal”, que segundo o director deve ter uma representação “atual e heterogéneo”. Daí que o nome do festival seja “caminhos”, no plural, em representação das várias vias que o cinema pode seguir. Estas refletem-se na programação. Existem curtas e longas metragens no âmbito de diversas seleções, que passam também pelos caminhos mundiais, a seleção diásporas e os caminhos júniores.
“Hoje em dia o cinema enquanto espaço de socialização e partilha tem-se perdido consideravelmente. Não está tão massificado como há dez anos atrás.” E o público jovem faz parte da estratégia da direcção para resolver o problema. Fornecem o transporte de deslocação das escolas primárias e infantários às salas onde o festival vai decorrer, e “fornecemos instrumentos aos educadores para desenvolverem actividades em sala de aula, como pintarem o actor principal de um filme”.
A educação ao nível do ensino superior também é tida em conta. Há a participação de peças produzidas por estudantes em contexto académico, tanto nacional como internacional. Pelo que o Caminhos do Cinema Português tem simultaneamente o nome Caminhos Film Festival – uma forma de serem compreendidos no estrangeiro. Com cerca de 800 candidaturas (e uma taxa de aceitação de 7%), a adesão dos estudantes de fora do país “foi uma agradável surpresa” para Vítor Ferreira.
O painel de jurados deste ano abrange membros dos vários géneros da representação, como Lauro António, Maria Vieira e Marta Rebelo.