Avante camaradas: período de golpadas em curso (PGEC)


Há 40 anos o PS lutou contra as forças totalitárias minoritárias. Hoje perdeu referenciais e está nos braços da mesma extrema-esquerda que tem no PS o seu arqui-inimigo


Eles estão de regresso: José Sócrates, António Costa, Santos Silva (o homem que “gosta de malhar” foi promovido a chefe da diplomacia portuguesa) e a restante companhia socialista voltaram para ocupar o palco. Desta vez não vêm sozinhos. Trouxeram os amigos da extrema-esquerda para confirmar o assalto ao poder. Tendo sido apeada do voto popular, tendo perdido as eleições, a troika das esquerdas decidiu derrubar um executivo legitimado pelo voto dos portugueses e no seu lugar instalar uma coligação negativa. Mesmo que a Constituição seja larga para acomodar a manobra, um golpe será sempre um golpe. Porque a Constituição trata de normas e princípios legais, não rege a moral e a ética na política. Com as últimas definitivamente arredadas do campo político que sustenta o novo governo (atente-se na violência verbal usada pelos figurões das esquerdas contra Cavaco Silva), antevêem-se meses de tensão agravada: entre um governo verdadeiro a fazer oposição e a oposição verdadeira a fazer de governo, por um lado; entre esta maioria negativa e o PR, por outro. Todo este processo assentou numa deplorável estratégia de condicionamento de Belém. Costa aproveitou a limitação específica dos poderes do Presidente para abrir uma crise política. Não tendo conseguido chegar ao governo pela porta da frente, arrombou a porta dos fundos. O golpe teve a colaboração da extrema–esquerda, que, a partir daqui, passou a ter muita pressa de ser “fazedora de reis”. Recordemos: a indigitação de Pedro Passos Coelho, no cumprimento da Constituição, foi uma “perda de tempo”; as audiências do PR, uma “perda de tempo”. Tudo o que não agrada ao PS e à extrema-esquerda é “inconstitucional”. Como este PS funciona na base das golpadas, não esquecer o que Costa fez a Seguro, e atendendo à fragilidade dos princípios políticos conjuntos, o período de golpes em curso está para durar. Chegámos onde chegámos para Costa safar a sua pele. Mas a factura que o PS vai pagar pode ser pesada. Debilitado na sua legitimidade política, manietado pelo BE e pelo PCP, ou melhor, pela CGTP, tendo de pedir licença à esquerda radical para respirar, veremos se este governo não é um prolongamento executivo da crise política criada para o ver nascer. 

Por falar em golpes, lembremos a regeneração de Sócrates. Para o efeito, pouco me interessam os processos judiciais. Isso é para a justiça. Todavia, não abdico do julgamento político de quem deixou o país na bancarrota. Mais: interrogo-me sobre a vida de nababo que o antigo PM socialista levava, num estilo incompatível com os rendimentos de funcionário público – aquilo que Sócrates foi grande parte da sua vida. Também por isto, com o queixo colado aos calcanhares, os portugueses ouviram-no, rodeado de amigos (muitos deles patriarcas do PS) numa almoçarada, a perorar contra o PR e contra o “golpe” de 2011, “quando a direita se aliou à extrema-esquerda para atirar abaixo um governo PS”. Honra lhe seja feita, Sócrates sempre soube que o perigo para o PS morava à esquerda, que o derrubou. No fundo, até ele está a dizer a Costa que este experimentalismo governativo não vai ter bom fim. Mas em perspectiva (“todos os meus direitos políticos estão intactos”, lembra-se?) a declaração de Sócrates é cristalina noutro sentido. Com o PR em ponto de mira, Sócrates está a dizer-nos que quer ser candidato a alguma coisa. Não faça cerimónias, senhor engenheiro: tem até 24 de Dezembro para formalizar a candidatura às presidenciais. Verá que, ao contrário dos seus direitos, a sua credibilidade política está tudo menos intacta. Depois da fragmentação socialista com três candidatos às presidenciais, António Costa viveria bem com a candidatura “Sócrates é fixe”.

Há precisamente 40 anos, o PS lutou contra as forças totalitárias minoritárias. E assim se manteve, independentemente das lideranças, quer fosse poder quer oposição. Hoje o PS perdeu os referenciais e está nos braços da mesma extrema-esquerda que tem no PS o seu arqui-inimigo. Neste 25 de Novembro, o PS descarrilou do centro. Saltou o muro, para leste. Está, pela primeira vez, do lado errado da história. E vai ter de assumir as responsabilidades. O povo não vai ter memória curta nas presidenciais, nas autárquicas e nas próximas legislativas.

Escreve à quarta-feira

Avante camaradas: período de golpadas em curso (PGEC)


Há 40 anos o PS lutou contra as forças totalitárias minoritárias. Hoje perdeu referenciais e está nos braços da mesma extrema-esquerda que tem no PS o seu arqui-inimigo


Eles estão de regresso: José Sócrates, António Costa, Santos Silva (o homem que “gosta de malhar” foi promovido a chefe da diplomacia portuguesa) e a restante companhia socialista voltaram para ocupar o palco. Desta vez não vêm sozinhos. Trouxeram os amigos da extrema-esquerda para confirmar o assalto ao poder. Tendo sido apeada do voto popular, tendo perdido as eleições, a troika das esquerdas decidiu derrubar um executivo legitimado pelo voto dos portugueses e no seu lugar instalar uma coligação negativa. Mesmo que a Constituição seja larga para acomodar a manobra, um golpe será sempre um golpe. Porque a Constituição trata de normas e princípios legais, não rege a moral e a ética na política. Com as últimas definitivamente arredadas do campo político que sustenta o novo governo (atente-se na violência verbal usada pelos figurões das esquerdas contra Cavaco Silva), antevêem-se meses de tensão agravada: entre um governo verdadeiro a fazer oposição e a oposição verdadeira a fazer de governo, por um lado; entre esta maioria negativa e o PR, por outro. Todo este processo assentou numa deplorável estratégia de condicionamento de Belém. Costa aproveitou a limitação específica dos poderes do Presidente para abrir uma crise política. Não tendo conseguido chegar ao governo pela porta da frente, arrombou a porta dos fundos. O golpe teve a colaboração da extrema–esquerda, que, a partir daqui, passou a ter muita pressa de ser “fazedora de reis”. Recordemos: a indigitação de Pedro Passos Coelho, no cumprimento da Constituição, foi uma “perda de tempo”; as audiências do PR, uma “perda de tempo”. Tudo o que não agrada ao PS e à extrema-esquerda é “inconstitucional”. Como este PS funciona na base das golpadas, não esquecer o que Costa fez a Seguro, e atendendo à fragilidade dos princípios políticos conjuntos, o período de golpes em curso está para durar. Chegámos onde chegámos para Costa safar a sua pele. Mas a factura que o PS vai pagar pode ser pesada. Debilitado na sua legitimidade política, manietado pelo BE e pelo PCP, ou melhor, pela CGTP, tendo de pedir licença à esquerda radical para respirar, veremos se este governo não é um prolongamento executivo da crise política criada para o ver nascer. 

Por falar em golpes, lembremos a regeneração de Sócrates. Para o efeito, pouco me interessam os processos judiciais. Isso é para a justiça. Todavia, não abdico do julgamento político de quem deixou o país na bancarrota. Mais: interrogo-me sobre a vida de nababo que o antigo PM socialista levava, num estilo incompatível com os rendimentos de funcionário público – aquilo que Sócrates foi grande parte da sua vida. Também por isto, com o queixo colado aos calcanhares, os portugueses ouviram-no, rodeado de amigos (muitos deles patriarcas do PS) numa almoçarada, a perorar contra o PR e contra o “golpe” de 2011, “quando a direita se aliou à extrema-esquerda para atirar abaixo um governo PS”. Honra lhe seja feita, Sócrates sempre soube que o perigo para o PS morava à esquerda, que o derrubou. No fundo, até ele está a dizer a Costa que este experimentalismo governativo não vai ter bom fim. Mas em perspectiva (“todos os meus direitos políticos estão intactos”, lembra-se?) a declaração de Sócrates é cristalina noutro sentido. Com o PR em ponto de mira, Sócrates está a dizer-nos que quer ser candidato a alguma coisa. Não faça cerimónias, senhor engenheiro: tem até 24 de Dezembro para formalizar a candidatura às presidenciais. Verá que, ao contrário dos seus direitos, a sua credibilidade política está tudo menos intacta. Depois da fragmentação socialista com três candidatos às presidenciais, António Costa viveria bem com a candidatura “Sócrates é fixe”.

Há precisamente 40 anos, o PS lutou contra as forças totalitárias minoritárias. E assim se manteve, independentemente das lideranças, quer fosse poder quer oposição. Hoje o PS perdeu os referenciais e está nos braços da mesma extrema-esquerda que tem no PS o seu arqui-inimigo. Neste 25 de Novembro, o PS descarrilou do centro. Saltou o muro, para leste. Está, pela primeira vez, do lado errado da história. E vai ter de assumir as responsabilidades. O povo não vai ter memória curta nas presidenciais, nas autárquicas e nas próximas legislativas.

Escreve à quarta-feira