Embaixador francês considera importante que os muçulmanos repudiem os atentados em Paris

Embaixador francês considera importante que os muçulmanos repudiem os atentados em Paris


Jean-François Blarel agradeceu a iniciativa do presidente da comunidade islâmica.


O embaixador francês em Portugal salientou este domingo a importância de os muçulmanos repudiarem “actos hediondos”, como os ocorridos em Paris no dia 13, no final de um encontro inter-religioso na Mesquita de Lisboa em memória das vítimas dos atentados.

Jean-François Blarel agradeceu a iniciativa do presidente da comunidade islâmica, considerando ser “muito importante que as religiões se compreendam”.

“Da ignorância vem o medo e do medo o ódio”, disse à agência Lusa.

Assinalou que “o problema é que pela segunda vez em França os atentados são cometidos em nome do Islão”, por isso considerou ser “muito importante que os muçulmanos repudiem este tipo de atos hediondos e estejam em total oposição” aos mesmos.

Considerando que “a violência não faz parte do Islão”, o embaixador da França defendeu que se seja “contra a violência e contra o terrorismo” e não “contra a religião”.

O grupo radical Estado Islâmico reivindicou os atentados de dia 13 de novembro em Paris, que causaram 130 mortos e centenas de feridos.

O encontro na Mesquita de Lisboa terminou com a leitura da Oração Ecuménica Universal, um apelo à paz e ao diálogo, feita por várias vozes – de um judeu, de um cristão, de dois budistas e de um hindu – depois da introdução feita por um muçulmano.

Apelos à paz, ao diálogo, à harmonia, ao perdão e expressões de solidariedade pelas vítimas dos atentados marcaram a cerimónia.

O líder da comunidade islâmica em Portugal, Abdul Vakil, disse que os muçulmanos se sentem “horrorizados com os ataques indiscriminados contra pessoas indefesas” e “indignados porque (os seus autores) dizem agir em nome do Islão”.

No mesmo sentido, o imã da Mesquita de Lisboa, Sheik Munir, pediu a Deus para iluminar “quem tem vindo a usar” o seu nome “em vão” e “tem vindo a assassinar barbaramente inocentes”.

Em declarações posteriores aos jornalistas, Sheik Munir declarou que os muçulmanos queriam que “considerassem aquele Estado anti-islâmico”, numa referência ao nome do grupo extremista, e lamentou que os muçulmanos tenham de enfrentar quer os radicais, quer os que os discriminam por partilharem a mesma religião.

Neste caso defendeu que “o melhor é ignorar o ignorante”.

José Carp, presidente da comunidade judaica, declarou que estes encontros “são certamente parte da solução”, enquanto o padre Vítor Melícias rezou a oração de São Francisco de Assis e pediu para as vítimas de Paris “honra e glória aos seus nomes (…), conforto às suas famílias (…), paz eterna às suas almas”.

Uma “prece da aspiração” por parte da representante da União Budista e uma oração hindu fizeram também parte da cerimónia, à qual também assistiram o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, e representantes do corpo diplomático creditado em Portugal.

Lusa