O primeiro-ministro belga, Charles Michel, afirmou esta sexta-feira que a decisão de subir o nível de ameaça terrorista em Bruxelas para "4", o máximo possível, está ligada a uma ameaça de ataques com explosivos e armas.
"Isto deveu-se a uma ameaça de um ataque de indivíduos com explosivos e armas em vários locais da capital", afirmou Michel numa conferência de imprensa em Bruxelas.
O nível de ameaça terrorista subiu para a região de Bruxelas e inclui o aeroporto de Bruxelas, bem como a comuna da Flandres Vilvorde, da qual são oriundos muitos jovens que se radicalizaram.
De acordo com o diário belga La Dernière Heure, ”um importante arsenal de explosivos e produtos químicos” terá sido descoberto pela polícia belga em operações de buscas realizadas na sexta-feira à noite na comuna de Molenbeek, informação ainda não confirmada pelas autoridades.
A Órgão de Coordenação para a Análise de Ameaças (OCAM) apenas aponta que entre alvos potenciais estarão centros comerciais e transportes públicos, o que levou ao encerramento das linhas de metro e da artéria mais comercial no centro de Bruxelas, a Rue Neuve.
Apelando à população para estar “prudente e vigilante mas sem entrar em pânico”, Charles Michel anunciou a entrada em vigor de medidas imediatamente operacionais em quatro domínios: a diminuição do número de grandes eventos públicos, restrições em matéria de transportes públicos – hoje o metro está encerrado -, reforço da capacidade de mobilização de polícias e militares, e a abertura de uma linha telefónica (1771) dirigida ao centro de crise.
“Recomendamos à população que respeite o conjunto de conselhos de segurança e se mantenha informada, utilizando as vias de comunicação oficiais”, declarou o primeiro-ministro em conferência de imprensa.
Vários eventos foram cancelados, entre os quais um concerto do músico francês JohnnyHallyday, previsto para hoje à noite em Heysel – adiado para 26 de Março de 2016 -, um dos maiores complexos de salas de cinema, igualmente na zona de Heysel, também foi encerrado, assim como o Atomium, um dos símbolos da capital belga.
Também vários eventos desportivos foram cancelados na zona de Bruxelas, tendo o encontro da primeira divisão belga de futebol Lokeren-Anderlecht sido igualmente adiado.
No centro, a Grand-Place é fortemente vigiada pelas forças de segurança, com “snipers” das forças especiais colocados no topo de diversos edifícios.
Esta é apenas a segunda vez que o nível de alerta terrorista atinge o grau “4” no território belga, depois de o grau máximo de alarme ter sido accionado no final de 2007, na sequência da detenção e 14 pessoas que planificavam permitir a evasão do islamita tunisono NizarTrabelsi, condenado em 2004 a dez anos de prisão por planear um atentado contra a base militar de Kleine-Brogel.
Na ocasião, a secção de terrorismo da polícia federal e a procuradoria federal receavam que actos de carácter terrorista pudessem ter lugar, e o nível de ameaça “4” esteve em vigor entre 21 de Dezembro de 2007 e 03 de Janeiro de 2008, tendo sido cancelado o tradicional fogo-de-artifício de Ano Novo no centro da capital.
Lusa