O grande fosso


O centro é, hoje, apenas o sinaleiro do tráfego em hora de ponta. O centro foi desfeito pelo PS, mas deve ser, como sempre foi, uma referência obrigatória para o PSD


Este era o título do 25.o livro do Astérix, que foi editado nos anos 80. É hoje o título do nosso país.
A estória era simples: numa aldeia da Gália, duas personagens queriam ser chefes dessa mesma aldeia. Como não chegaram a nenhum consenso, optaram por dividir a mesma em duas, através de um grande fosso.
Costa foi o autor desse fosso rasgado no centro democrático em Portugal. Mas, ao abri-lo com as suas poderosas máquinas, teve de sair com o seu partido do centro e colou-se à esquerda. Ficou do lado de lá, junto aos radicais de sempre. O terreno ficou mais curto, o arado deu cabo das mãos de Costa, mas Costa não se importou. 
Costa cedo percebeu que as ideologias, para esta nova geração, deixaram de existir. Uma discussão ideológica só terá interesse às pessoas com mais de 35/40 anos. A juventude de hoje não perde tempo com questões ideológicas. Nasceu em liberdade e viveu sempre em liberdade. Se não confia no político A, rapidamente encontra um político B ou C.

Os votos fiéis dos partidos mantêm-se, mas há cada vez mais um voto que oscila, que passa com facilidade e se desloca velozmente entre o Bloco de Esquerda e o CDS-PP.

O centro é, hoje, apenas o sinaleiro deste tráfego em hora de ponta. O centro foi desfeito pelo PS, mas deve ser, como sempre foi, uma referência obrigatória do PSD. O centro sempre foi o pêndulo deste país. O equilibrador de um Portugal desnivelado, o garante da estabilidade a cada tremor de terra.

Costa sabe que, um dia, o PS terá de voltar a ocupar esse centro. Mas agora que temos os cofres cheios, quando a economia se perspectiva que cresça a um ritmo próximo dos 2% nos próximos quatro anos, quando percebe que a França, fruto dos terríveis atentados em Paris, fará um investimento sem precedentes na sua segurança interna, justificando assim o incumprimento das metas europeias, Costa vê assim a sua grande oportunidade para distribuir por todos o que foi amealhado, travar a fundo na austeridade, ganhar tempo para cumprir as metas ou seja, para surfar esta onda gigante de bonança sem cair da prancha.

Costa não fará reformas se for governo. Reformas significam sempre sacrifício nos primeiros tempos e melhorias só depois. Sabe que pode contar neste tempo com as duas hélices do seu bimotor. O Bloco e o PCP garantem estabilidade enquanto houver dinheiro para distribuir. Mas se for preciso abrandar, amealhar de novo, Costa só aguentará esse voo enquanto o avião planar. Todos sabemos que um avião não plana indefinidamente. O chão será sempre o seu destino. Aí, e na queda a pique, ou passa os comandos à direita de sempre ou se despenha. O PS sempre teve esta estranha forma de conduzir este país.
Para corrigir este histórico, Costa chamou à pressa um conjunto de economistas para lhe fazerem um programa de governo. Mas onde já vai esse programa de governo? O programa de Centeno, de Trigo Pereira e de Caldeira Cabral é hoje uma manta de retalhos, de tantas cedências que teve de fazer à sua esquerda para comprar um acordo. A situação é esta. Costa sabe disto melhor do que ninguém.

O Presidente da República já está na política há demasiados anos para perceber que o destino é este e não será mais nenhum. Costa desenhou-o assim e não quer afiar o lápis. O traço fino deste país tornar-se-á mais grosso com o decorrer do tempo, até não haver mais carvão para que o lápis escreva.

A gestão de Cavaco é fundamental. Mas a gestão de Cavaco é a congestão de Costa.
O tempo urge. Costa não sobreviverá sem poder. Durará o mesmo tempo que um peixe fora de água. Quer, assim, um governo à pressa, resultante dos acordos à pressa e de um programa transfigurado à pressa.

Cavaco percebe bem a importância da sua decisão. Não quer um país dividido entre esquerda e direita. Quererá, como qualquer pessoa responsável, um governo de centro, sem extremismos, sem radicalismos, sem incendiários e sem bombistas.

Cavaco acredita que ainda pode destruir os ismos, convocando os partidos ao centro e continuando o centro a ser a decisão do país. Este fosso tem de ser tapado rapidamente antes que se transforme numa vala comum.

Deputado do PSD
Escreve à sexta-feira

O grande fosso


O centro é, hoje, apenas o sinaleiro do tráfego em hora de ponta. O centro foi desfeito pelo PS, mas deve ser, como sempre foi, uma referência obrigatória para o PSD


Este era o título do 25.o livro do Astérix, que foi editado nos anos 80. É hoje o título do nosso país.
A estória era simples: numa aldeia da Gália, duas personagens queriam ser chefes dessa mesma aldeia. Como não chegaram a nenhum consenso, optaram por dividir a mesma em duas, através de um grande fosso.
Costa foi o autor desse fosso rasgado no centro democrático em Portugal. Mas, ao abri-lo com as suas poderosas máquinas, teve de sair com o seu partido do centro e colou-se à esquerda. Ficou do lado de lá, junto aos radicais de sempre. O terreno ficou mais curto, o arado deu cabo das mãos de Costa, mas Costa não se importou. 
Costa cedo percebeu que as ideologias, para esta nova geração, deixaram de existir. Uma discussão ideológica só terá interesse às pessoas com mais de 35/40 anos. A juventude de hoje não perde tempo com questões ideológicas. Nasceu em liberdade e viveu sempre em liberdade. Se não confia no político A, rapidamente encontra um político B ou C.

Os votos fiéis dos partidos mantêm-se, mas há cada vez mais um voto que oscila, que passa com facilidade e se desloca velozmente entre o Bloco de Esquerda e o CDS-PP.

O centro é, hoje, apenas o sinaleiro deste tráfego em hora de ponta. O centro foi desfeito pelo PS, mas deve ser, como sempre foi, uma referência obrigatória do PSD. O centro sempre foi o pêndulo deste país. O equilibrador de um Portugal desnivelado, o garante da estabilidade a cada tremor de terra.

Costa sabe que, um dia, o PS terá de voltar a ocupar esse centro. Mas agora que temos os cofres cheios, quando a economia se perspectiva que cresça a um ritmo próximo dos 2% nos próximos quatro anos, quando percebe que a França, fruto dos terríveis atentados em Paris, fará um investimento sem precedentes na sua segurança interna, justificando assim o incumprimento das metas europeias, Costa vê assim a sua grande oportunidade para distribuir por todos o que foi amealhado, travar a fundo na austeridade, ganhar tempo para cumprir as metas ou seja, para surfar esta onda gigante de bonança sem cair da prancha.

Costa não fará reformas se for governo. Reformas significam sempre sacrifício nos primeiros tempos e melhorias só depois. Sabe que pode contar neste tempo com as duas hélices do seu bimotor. O Bloco e o PCP garantem estabilidade enquanto houver dinheiro para distribuir. Mas se for preciso abrandar, amealhar de novo, Costa só aguentará esse voo enquanto o avião planar. Todos sabemos que um avião não plana indefinidamente. O chão será sempre o seu destino. Aí, e na queda a pique, ou passa os comandos à direita de sempre ou se despenha. O PS sempre teve esta estranha forma de conduzir este país.
Para corrigir este histórico, Costa chamou à pressa um conjunto de economistas para lhe fazerem um programa de governo. Mas onde já vai esse programa de governo? O programa de Centeno, de Trigo Pereira e de Caldeira Cabral é hoje uma manta de retalhos, de tantas cedências que teve de fazer à sua esquerda para comprar um acordo. A situação é esta. Costa sabe disto melhor do que ninguém.

O Presidente da República já está na política há demasiados anos para perceber que o destino é este e não será mais nenhum. Costa desenhou-o assim e não quer afiar o lápis. O traço fino deste país tornar-se-á mais grosso com o decorrer do tempo, até não haver mais carvão para que o lápis escreva.

A gestão de Cavaco é fundamental. Mas a gestão de Cavaco é a congestão de Costa.
O tempo urge. Costa não sobreviverá sem poder. Durará o mesmo tempo que um peixe fora de água. Quer, assim, um governo à pressa, resultante dos acordos à pressa e de um programa transfigurado à pressa.

Cavaco percebe bem a importância da sua decisão. Não quer um país dividido entre esquerda e direita. Quererá, como qualquer pessoa responsável, um governo de centro, sem extremismos, sem radicalismos, sem incendiários e sem bombistas.

Cavaco acredita que ainda pode destruir os ismos, convocando os partidos ao centro e continuando o centro a ser a decisão do país. Este fosso tem de ser tapado rapidamente antes que se transforme numa vala comum.

Deputado do PSD
Escreve à sexta-feira