Os gays são os mais invisíveis na sociedade e os que mais sofrem exclusão e discriminação, afirmou esta sexta-feira a cantora brasileira Daniela Mercury na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, para promover a igualdade de género.
"Não imaginava que as pessoas eram tão cegas aos casais homoafectivos. As pessoas acham que um casal de mulheres não é normal. Sou uma lésbica poderosa, falo isso com muito orgulho e tranquilidade", afirmou.
Daniela Mercury é Embaixadora da Boa Vontade do UNICEF e, junto com a sua mulher Malu Verçosa Mercury, é Campeã da Igualdade da ONU para a promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais e intersexuais (LGBTI).
Mercury e a sua mulher estão hoje nas Nações Unidas para lançar o vídeo da nova campanha "Celebrate Love" (celebrar o amor, em inglês). O vídeo mostra imagens do casamento da cantora e da companheira.
Esta foi a primeira vez que as duas decidiram expor as suas vidas particulares em prol de uma mensagem de paz.
"Não admito viver num mundo que não se respeitam os casais gays. Estou a expor, pela primeira vez, a minha vida particular. Nunca expus por nenhum motivo. Mas essa luta é mais importante que a nossa privacidade. Sou uma pós-feminista e jamais iria me esconder", destacou.
Ao lado de Malu, a artista disse que nunca ficou "refém" do sistema e da cultura de seu país.
"Fui acostumada a viver com autonomia de pensamento e liberdade. As nossas sociedades são muito machistas, tanto homens quanto mulheres. Vivemos num mundo com muita violência, por que as pessoas se incomodam tanto com o amor?", questionou.
Mercury acredita que a arte pode ser um elemento "transformador poderosíssimo" e admite não ser fácil mudar a sociedade.
Nas palavras de Malu Mercury, as sociedades ainda enfrentam muita resistência. "Não é preciso que a pessoa seja gay, só precisamos acreditar que todos devem ser iguais e devem ter os mesmos direitos".
Na opinião de Charles Radcliffe, chefe de Assuntos Globais do escritório de Direitos Humanos da ONU, a história de amor entre Daniela e Malu, tornada pública em 2013, abriu um debate não apenas no Brasil mas no mundo a respeito dos direitos homoafectivos.
"Temos que incluir todos no desenvolvimento. Os novos objectivos de desenvolvimento integram os direitos humanos e a não discriminação", destacou.
Lusa