Há gente que gosta de fumar, por isso fuma. Há gente que gosta de comer, por isso come. O mesmo para o beber. E se há coisa que os vícios são… é tramados. Fumar mata, isso é certo, comer em excesso engorda… também é certo.
Mesmo quando somos um mero jornalista ou um talentoso canalizador. Quando se é Adele, as drogas ainda matam, mas parecem matar mais depressa. Até porque as profissões anteriores – foram só um exemplo, esteja à vontade para idealizar outras – não dependem de uma voz límpida, livre de catarros e outros malefícios. A isto junte-se o facto de quase nenhuma figura pública – sobretudo no caso de ser mulher – ser bem vista por ter quilos a mais. Até há algum tempo, Adele continha tudo isto e nem por isso deixou de vender milhões de cópias e de coleccionar fãs loucos em todas as capelas em que pregava. Talvez por isso gerou ódios de estimação diversos: uns acusavam-na de não cuidar da bênção que a sua voz era, outros atacavam a falta de cuidado que uma estrela pop como a britânica não podia ter com a sua aparência.
Adele sempre assobiou para o lado, na típica postura do “enquanto cá andar é do bom e do melhor”, na jovialidade de quem sempre se revelou sentir-se bem em relação ao peso, alguém que sempre disse odiar ginásios e adorar fumar. Esta é a mesma pessoa que, em vésperas do seu terceiro disco, “25”, pouco tempo depois de libertar o seu single “Hello”, faz capa da “Rolling Stone” sem qualquer tipo de maquilhagem. De robe branco e cabelo molhado, a sua postura quase podia ser confundida com uma boxeur sem cicatrizes, sisuda e confiante. Se veio do banho ou do ginásio… é coisa que não conseguimos descodificar. Digamos apenas que estamos perante Adele versão 2.0. Que frequenta ginásios, apesar de não gostar, que tem mais cuidado com a alimentação, porque os tempos assim o exigem, e que tem um novo disco que promete vender tanto ou mais que os outros. Os haters… que se aguentem.
Na recente grande entrevista à revista norte--americana, onde mergulha profundamente na sua vida pessoal, a inglesa admite que a maternidade – como tantos outros já tinham avisado – é o primeiro passo para a acalmia. “Adorava fumar, mas não seria muito fixe estar a morrer com uma doença relacionada com o tabaco e ver o meu filho devastado”, conta. A pergunta seguinte é sobre o álcool, matéria onde, pelos vistos, era indestrutível. “Costumava ser capaz de beber até deitar alguém à mesa e, ainda assim, dar um concerto na perfeição. Mas com crianças, as ressacas são uma tortura. Eles simplesmente sabem, sentem, nesse dia parece que te escolhem e vão directos a ti.”
A sua actual – e ponderada, diga-se – tentativa de renovar a relação com álcool, optando por não se embebedar sem deixar de saborear o seu copo, é algo semelhante ao que tem feito com o físico. Sobre a dieta, que há muito se discute na opinião pública, Adele confessa que tem ido ao ginásio, mas também não se enquadra nos loucos viciados, aqueles que recentemente têm alternado entre o running e o ginásio. “Não ando a percorrer o ginásio todo, não gosto de lá ir sequer. Só gosto de fazer pesos, isso faz-me relaxar. Agora também digo, se não estiver em tour… é provável que me apanhem num restaurante chinês”, afirma à “Rolling Stone”.
Mais um disco para todos os tops
Bem sabemos que este subtítulo é uma aposta segura para quem a fizer, daquelas que se adivinham independentemente da qualidade do disco. Como não ouvimos “25” – o disco só sai a 20 de Novembro –, não vamos pôr-nos para aqui a opinar. Mas a avaliar pelo barulho que este “Hello” já provocou, é dinheiro certo. Com mais um trabalho de Adele, volta a questão-fantasma que sempre paira sobre a cantora: oque tem Adele para ter atingido tamanho sucesso? A primeira tentativa de resposta é fácil: uma grande voz, sem dúvida. Mas boas vozes há muitas, e nem todas significam fama.
Adele parece ter uma aura celestial em seu torno, uma energia qualquer que propaga nuvens de sensibilidade, como se através de Adele acedêssemos a um núcleo pouco visitado da nossa emoção. Ou como a modelo e actriz Cara Delevingne postou no seu Instagram: “Adele got me missing a man I don’t even have.” Ainda tem dúvidas? Recordem-se então momentos como os Brit Awards em 2011, onde com “Someone Like You” incendiou a sala, ou quando em 2013 cantou “Skyfall”, a música que escreveu para o penúltimo filme de James Bond, com o mesmo nome. Se isso explica tudo? Provavelmente, não. Se isto tem alguma teoria científica como base? Também não. Oque está provado é que Adele é uma máquina de vender discos. Talvez nem ela saiba o motivo.