João Branco da Quercus. “Uma espécie invasora provoca um desequilíbrio ecológico”

João Branco da Quercus. “Uma espécie invasora provoca um desequilíbrio ecológico”


João Branco responde ao i tudo o que procura saber sobre a vespa asiática.


Há um combate suficiente para a ameaça? 
Acho que não. O plano e acções de combate deviam envolver mais pessoas, mais organizações, senão não se vai conseguir combater a vespa asiática.

{relacionados}

O problema está subdiagnosticado?

As acções deviam ser centralizadas, em vez de estarem nas mãos dos bombeiros e particulares. A grande questão é quem paga a destruição dos ninhos. Repare, é um trabalho feito à noite. Geralmente, os ninhos estão em árvores altas, é preciso equipamento próprio, pessoas especializadas. Isto pode custar 1000 euros e, se a pessoa não puder pagar, a erradicação está dependente dos bombeiros, que também têm custos em mandar lá o carro e o pessoal. 

Em termos de espécies invasoras, há memória de uma ameaça assim? 
Em Portugal, julgo que não. Mas no mundo há. Veja-se a abelha assassina, que já chegou aos Estados Unidos e foi um insecto criado pelo homem através da hibridização. Esta não tem esse risco, mas tem outros: a vespa asiática é predadora das abelhas. Põem-se à entrada das colmeias e atacam as abelhas em voo para as comerem e levarem para as crias. Mas além deste prejuízo directo na produção de mel, há outros impactos por apurar. 

Por exemplo? 
Os impactos nas populações de vespas autóctones. Em Portugal existem varias espécies de vespa com importância ecológica, nomeadamente no combate a várias espécies de insectos, como lagartas que comem frutas e folhas. Apanham esses insectos e levam-nos para os ninhos, controlando estas pragas, e não sabemos qual será o impacto nos pomares, nos morangos, no feijão, na alface. 

Para já há algum impacto preocupante? 
A introdução de uma espécie invasora vem provocar um desequilíbrio ecológico porque existe uma teia de relação entre todos os outros animais que dura há milhões de anos, e depois, quando há estes factores externos de animais que aparecem e não pertenciam ao ecossistema, geram–se desequilíbrios cujas consequências são imprevisíveis.