O presidente da Cívica, associação de autarcas de origem portuguesa em Aulnay-Sou-Bois, subúrbios de Paris, adiantou esta quarta-feira que a comunidade lusa em Saint-Dennis, onde está a decorrer uma operação antiterrorismo, está “inquieta, mas não resignada”.
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“Ainda não conseguimos falar hoje de manhã com a vasta comunidade portuguesa que reside em Saint-Dennis porque nos foi pedido que tentássemos evitar as comunicações, mas dos contactos que fizemos anteriormente percebemos que estão com algum receio, como é natural”, adiantou Paulo Marques à agência Lusa, em conversa telefónica a partir de Lisboa.
Segundo as autoridades francesas, está a decorrer desde a madrugada de hoje uma operação policial que tem como alvo o alegado mentor dos ataques terroristas de sexta-feira passada em Paris, que provocaram 129 mortos e mais de 400 feridos, localizado num apartamento na zona de Saint-Denis, tendo já resultado na morte de duas pessoas, entre elas uma mulher que se fez explodir, havendo também um terceiro elemento dentro da casa.
Durante a operação decorreu um tiroteio entre as forças de segurança e os alegados terroristas, do qual resultaram ferimentos em pelo menos três polícias, segundo a agência noticiosa francesa AFP.
A operação tem como alvo o belga Abdelhamid Abaaoud, alegado cérebro dos atentados de sexta-feira na capital francesa.
Em declarações à Lusa, o presidente da Cívica, que reside na localidade de Aulnay-Sou-Bois, junto a Saint-Denis, disse que há muitos portugueses a viver perto da Basílica e da Câmara Municipal da localidade onde está a decorrer a operação, que envolve um forte aparato policial e de segurança.
“Espero conseguir falar ainda esta manhã com a comunidade portuguesa em Saint-Denis. Ainda não o fizemos porque está a decorrer a operação antiterrorismo e poderíamos colocar as pessoas em risco”, disse Paulo Marques à Lusa, cerca das 08:00 em Lisboa.
De acordo com o emigrante português, as pessoas foram aconselhadas a não sair das suas casas, a evitar o uso das comunicações, a deslocação ao centro da cidade e os transportes públicos.
“Esta situação não é fácil. A população está inquieta, mas não resignada. Continuam a trabalhar, mas há efectivamente um sentimento de medo, sem resignação, mas, como se diz aqui, ‘lá vie continue’ (a vida continua)”, sublinhou.
Cerca de 50 soldados franceses foram entretanto destacados para Saint-Denis, a zona onde decorre a operação policial, tendo sido posicionados na principal rua da cidade, perto do apartamento alvo de ataque das autoridades francesas, relata a AFP.
Devido à operação, os estabelecimentos de ensino no centro de Saint-Denis vão manter-se hoje encerrados.
Foi pedido “à população que evite totalmente a zona do centro" de Saint-Denis, onde a circulação do Metro, dos autocarros e dos eléctricos foi suspensa devido à intervenção policial, segundo a autoridade dos transportes francesa, RATP.
Lusa