A ação terrorista da passada sexta-feira, em Paris, coloca de novo a Europa perante o fantasma do medo.  

E, depois do medo, ou paralelamente com ele, segue-se o ódio.

É inevitável.

O terrorismo é isso mesmo. Instala o pânico, provoca o caos, promove o desejo de vingança.

Mas, sobretudo, propaga o medo por contágio.

O objetivo é, claramente, que cada cidadão passe a olhar para os lados quando sai de casa, evite ir a qualquer espetáculo ou a locais de grande concentração de pessoas ou deixe de andar de avião.

Enfim, que se deixe condicionar sistematicamente pelo medo.

A Europa está sob ataque, não tenhamos dúvidas. Se há algo que os terroristas odeiam é a liberdade e a democracia.

Daí a criarem cada vez mais sustentação as teorias de que a III Guerra Mundial já começou, vai um passo.

Deste modo, as restrições às liberdades, em nome da segurança, serão cada vez mais aceites e, nalguns casos, exigidas pelos cidadãos.

Numa altura em que a Europa está a braços com a maior onda de refugiados/imigrantes depois da II Guerra Mundial, este ato bárbaro não ajuda certamente à sua aceitação.

Será também esse um dos objetivos, a criação de um ainda maior clima de tensão entre populações.    

Se o terrorismo destruir na Europa a tolerância, a sã convivência, o direito à diferença, a livre circulação, numa palavra, a liberdade, então cumprirá os seus objetivos.

E vencerá.