O dirigente do Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) Nuno Fonseca disse esta sexta-feira que a estrutura continua a ser contra a privatização da TAP, mas que o "objectivo de defesa dos trabalhadores" se mantém.
O membro do SNPVAC reagia assim, em declarações à agência Lusa, à assinatura do acordo de conclusão da venda directa de 61% do capital da TAP anunciado na quinta-feira à noite pela Parpública.
“O sindicato tem uma posição contrária a este processo de privatização. Tem-na desde o início e não a vai alterar. No entanto, a posição do sindicato é uma posição acima de tudo de defesa dos seus associados e dos trabalhadores que representa”, referiu.
Nuno Fonseca salientou que todo o processo foi “feito em cima do joelho, muito escondido e cheio de secretismos”.
“Tanto quanto conseguimos saber oficialmente, não houve assinatura nenhuma. Ouvimos que terá sido assinado ontem [quinta-feira] à noite. Por outro lado, temos uma resolução do conselho de ministros que não foi publicada em Diário da República”, declarou.
O sindicalista lembrou que o Governo tomou a decisão de privatizar a TAP porque a empresa estava numa situação financeira grave.
“Mas será mesmo que a situação é tão grave na TAP neste momento que não podiam aguardar, e, a ser verdade, é fruto de uma má gestão ou de uma gestão propositada que levou a empresa a estar nesta situação”, questionou, em declarações à Lusa.
Nuno Fonseca recordou que, quando se falou em avançar com processos de privatização da TAP em 1998/1999 e em 2011, também já se “falava na situação financeira [difícil] da empresa”.
“Dizia-se que a TAP não ia sobreviver, mas na realidade sobreviveu e continuou bem”, vincou.
“A posição do sindicato é a de olhar para a TAP como uma parceira para atingir objectivos que sejam benéficos para ambas as partes. Não interessa se o dono da TAP é o Estado ou é privado. Não muda em nada a defesa pelos trabalhadores”, reforçou.
O Governo aprovou quinta-feira em Conselho de Ministros a minuta final do processo de venda de 61% da TAP ao consórcio Gateway, alegando que a celebração desse contrato é uma necessidade urgente e inadiável, enquadrando-se, portanto, nas competências de um executivo em gestão.
A 13 de Outubro passado, a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) deu parecer positivo à venda da TAP ao consórcio Gateway, mas pediu esclarecimentos sobre a estrutura accionista do consórcio comprador, para verificar se ela é controlada pelo português Humberto Pedrosa, como as regras europeias impõem.
Lusa