A coordenadora do BE, Catarina Martins, disse, na quinta-feira à noite, no Entroncamento, que a candidata presidencial Marisa Matias “pode mesmo vir a ser” a candidata da esquerda a uma segunda volta das eleições presidenciais.
“Já vimos coisas mais surpreendentes a acontecerem neste país”, disse Catarina Martins a uma plateia com mais de uma centena de pessoas que a foi ouvir na quinta-feira à noite, no Entroncamento, explicar os termos do acordo assinado com o Partido Socialista para a constituição de um Governo de esquerda.
Sublinhando que a opção de não misturar as presidenciais com as legislativas deixou “muito pouco tempo” para o “combate” das presidenciais, Catarina Martins pediu para que “ninguém desista” e apelou ao “apoio de todos”, porque Marisa Matias “pode mesmo ajudar a virar o jogo”.
Para a líder bloquista, o milhão de pessoas que votou à esquerda do “centrão” nas legislativas, por querer mudar e não querer alternância, vai ser “essencial para não permitir que a direita ganhe as presidenciais à primeira volta”.
“Se nós forçarmos uma segunda volta, a direita perde. Não sabemos quem irá à segunda volta. Apoiaremos seguramente um candidato de esquerda e tenho para mim que esse candidato de esquerda pode mesmo vir a ser a Marisa Matias”, disse.
Catarina Martins voltou a elogiar as qualidades de Marisa Matias, pelo conhecimento dos constrangimentos à soberania portuguesa, por estar “dentro dos conflitos que marcam a actualidade” e pela “qualidade extraordinária que é a capacidade de fazer simples o que é complicado”.
A líder bloquista frisou ainda a importância da estabilidade de um governo de esquerda a quatro anos, sob o risco de, se isso não acontecer, abrir a porta a maiorias da direita por muito tempo.
“A esquerda tem que mostrar que é capaz, que está à altura da responsabilidade”, declarou.
No debate com a assistência, Catarina Martins anotou a sugestão de um simpatizante de criação de uma comissão de inquérito às privatizações ocorridas nos últimos quatro anos.
Outro ainda perguntou sobre a independência da comunicação social, ao que a líder bloquista assegurou que o partido fará propostas no sentido da transparência da propriedade dos órgãos de comunicação social, matéria em relação à qual considerou que o PS se tem aproximado.
Em terra de ferroviários, a situação do sector foi inevitavelmente colocada, com a líder bloquista a esclarecer que a questão dos complementos de reforma está no acordo e que a da concessão dos transportes está ainda por resolver “mas não está esquecida”, adiantando que o grupo parlamentar do BE “está a fazer esse levantamento”.
Lusa