Parque Expo avança com novo despedimento colectivo

Parque Expo avança com novo despedimento colectivo


Empresa diz que está em falência técnica e lembra que o plano de liquidação, aprovado em Fevereiro, previa a redução gradual do pessoal.


A Parque Expo procedeu ao segundo despedimento colectivo de dez trabalhadores, mantendo ainda 60 pessoas em funções. A situação foi formalizada esta terça-feira por carta, a mando da comissão liquidatária, apurou o jornal i. 

Na carta enviada aos trabalhadores, a Parque Expo lembra que a empresa tem capitais próprios negativos, que se encontra em falência técnica e que a sua actividade principal (prospecção, concepção e gestão de projectos) não é sustentável a médio/longo prazo. A Parque Expo diz também que não dispõe dos meios financeiros para financiar a sua actividade e que o passivo corrente é muito superior ao activo corrente, daí os accionistas terem deliberado, em Outubro de 2014, por unanimidade, a dissolução da sociedade no prazo de dois anos.

Contactada pelo i, a Parque Expo diz que “o processo de despedimento colectivo respeita integralmente o determinado previamente pela assembleia geral de accionistas e legislação laboral em vigor” e lembra que, em Fevereiro deste ano, foi deliberado, por unanimidade – com votos favoráveis do accionista Estado e do município de Lisboa –, aprovar o plano de liquidação e até a mesma estar concluída, em Setembro de 2016, foi deliberada a redução gradual e faseada dos recursos humanos. A empresa esclarece também que, “imediatamente após a realização da assembleia geral de aprovação do plano de liquidação, foi comunicado e esclarecida aos trabalhadores a fundamentação da decisão de redução dos recursos humanos”.

Decisão polémica A decisão está a gerar polémica junto dos trabalhadores, que põem em causa a legitimidade deste despedimento, não só pelo timing escolhido mas também pela injustiça para alguns trabalhadores, que estavam a desenvolver projectos. “Tudo indica que este despedimento foi apressado, antes que o governo caísse e surgisse outro que pudesse deitar por terra a intenção do executivo de Passos Coelho”, afirmou ao i uma fonte ligada ao processo.

Os dez elementos dispensados têm uma média de idade entre os 45 e os 50 anos, situação que ainda gera mais preocupação, uma vez que estes trabalhadores virão a ter maior dificuldade em ser reintegrados no mercado de trabalho. Além disso, com a dispensa destes funcionários, ficam interrompidos os trabalhos que desenvolviam ligados aos Polis do Litoral e à Costa Polis, duas empresas criadas no âmbito da holding Parque Expo.

“Este despedimento é efectuado em cumprimento com ordens definidas pelo anterior governo e ignorando o facto de ainda não estar definida uma estratégia quanto à gestão futura das Sociedades Polis”, explica a mesma fonte, acrescentando que também não está resolvido o diferendo entre o accionista Câmara de Almada e o accionista Estado quanto ao encerramento da sociedade Costa Polis.

A posição destes trabalhadores também não fica salvaguardada se por acaso o novo governo decidir salvar a Costa Polis, empresa em que a Câmara de Almada também é accionista.
 
A 19 de Agosto de 2011, a ministra Assunção Cristas anunciou a extinção da Parque Expo, empresa criada em 1993 com o objectivo de reconverter a zona do Parque das Nações. A administração nomeada para este efeito tinha a intenção de começar os despedimentos até ao final desse ano (2011). Ao abrigo do primeiro despedimento colectivo, saíram faseadamente entre Maio e Setembro deste ano 12 funcionários, a quem não davam trabalho há mais de três anos.

Em Maio de 2013, após ter sido transferida para a CM Lisboa a gestão do espaço público do Parque das Nações, foi extinta a empresa do grupo Parque Expo que tinha por objecto esta gestão. Foram então nessa altura despedidos todos os trabalhadores (30).