Noruega. A noite em que os víquingues chocaram o mundo

Noruega. A noite em que os víquingues chocaram o mundo


Foi a 23 de Junho de 1998 em Marselha. Marrocos sonhava com o apuramento mas os escandinavos surpreenderam o Brasil.


Marselha é um lugar especial para a selecção norueguesa. Foi lá que em 1938 se estreou num Mundial, perdendo para a futura campeã Itália na primeira ronda (1-2). Quando regressou a França numa fase final, em 1998, conseguiu a vitória mais importante da sua história. Agora, com o play-off que arranca esta quinta-feira (Noruega-Hungria às 19h45 na Sport TV1), estará a discutir uma vaga para o Euro-2016 que se disputa em França e que terá seis jogos na cidade em que o Sp. Braga “perdeu” as botas.

A terceira jornada do grupo A da última grande fase final que França organizou pode servir de exemplo. O Brasil de Mário Zagallo estava apurado mas a segunda vaga estava em aberto, com Noruega (dois pontos), Marrocos e Escócia (ambas com um) na luta. À primeira vista, a desvantagem era dos escandinavos. Estavam na frente em pontos mas iam defrontar o campeão mundial do fenómeno Ronaldo. No outro jogo, em Saint-Étienne, escoceses e marroquinos sentiam que ganhar bastava.

A vantagem africana nunca esteve em causa (3-0), faltava o Brasil ajudar. Zagallo não facilitou no momento de escolher o onze: Taffarel, Cafú, Gonçalves, Júnior Baiano, Roberto Carlos, Dunga, Leonardo, Rivaldo, Denilson, Bebeto e Ronaldo. A Noruega de Egil Olsen respondeu com Grodas, Johnsen, Berg, Bjornebye, Eggen, Leonhardsen, Rekdal, Riseth, Strand, Tore Andre Flo e Havard Flo. 

O nulo aguentou até aos 78 minutos e quando Bebeto marcou, os marroquinos respiraram de alívio. Foi demasiado cedo. Já com Ole Gunnar Solksjaer em campo, menos de um ano antes da incrível reviravolta do Manchester United em Barcelona com o Bayern, os víquingues conseguiram contornar o Brasil. Tore Andre Flo empatou aos 83’  e a um minuto do final do tempo regulamentar houve um penálti. A pressão estava toda em cima de Rekdal, mas Taffarel – que até era famoso a parar penáltis – não teve hipótese.

Pela primeira vez – e única até agora – a Noruega conseguiu ultrapassar a primeira fase de uma competição e tornou-se a única selecção que, tendo jogado contra o Brasil, nunca perdeu com o escrete. O momento foi histórico mas não serviu de muito nos oitavos-de-final: tal como em 1938 e em 1994, a Noruega perdeu com a Itália. Vieri, com um golo aos 18 minutos, foi o carrasco… em Marselha.