Pentágono afirma que a Rússia pode vir a usar armas atómicas

Pentágono afirma que a Rússia pode vir a usar armas atómicas


Um dos maiores responsáveis militares de Washington considera que Moscovo é a maior ameaça para os Estados Unidos da América.


O chefe do Estado-Maior do Exército dos Estados Unidos, general Mark Milley, é peremptório: “A Rússia é a ameaça número um para os Estados Unidos.” As declarações foram feitas na cimeira Defense One, em Washington. O general explicou que a Rússia é o único país que conta com capacidade nuclear “suficiente para destruir os Estados Unidos”.

Mark Milley analisou as acções de Moscovo e referiu que elas são “contrárias aos interesses dos Estados Unidos” e que os exercícios que as forças russas realizaram no seu próprio solo são “agressivos”.

Em cima da mesa, do ponto de vista político, estão as intervenções russas na Ucrânia, a defesa das populações russas da Crimeia e a acção das forças do Kremlin na Síria. Para reforçar o seu alerta, o chefe do Estado--Maior do Exército dos EUA referiu a modernização que as forças armadas russas tiveram no mandato de Vladimir Putin: “A capacidade nuclear [russa] é significativa, melhoraram muito a sua capacidade convencional e a sua capacidade de realizar operações especiais, de forma que a Rússia tem de estar sob mira. Reafirmo: a Rússia é a ameaça número um para os Estados Unidos”, concluiu Mark Milley. 

O general defende que o comportamento político da superpotência euro-asiática é instável e que o recente comportamento de Moscovo sugere que pode usar armas atómicas. “A Rússia violou a ordem de Vestefália” [conjunto de tratados que puseram fim à Guerra dos Trinta Anos, em 1648, e que reconheceu o respeito pelas fronteiras dos Estados-nação], desde 2008, invadindo “nações soberanas”.

Sobre a recente subida da tensão militar entre os Estados Unidos e a China, a propósito de ilhas disputadas por vários países, o general foi mais prudente: “É natural que um grande crescimento económico, como o que vive a China, seja acompanhado de um reforço do poder militar”, explicou.

Apesar de a China ter mobilizado a sua força aérea para manobras na zona em disputa, em que se encontram vasos de guerra dos EUA, o general tentou baixar a temperatura: “Um conflito militar com a China não é inevitável”, garantiu. Durante a sua intervenção na Conferência Defense One, sublinhou muitas vezes esta ideia: “A China não é um inimigo, é apenas uma potência em ascensão.”

Os gastos militares de Pequim em 2014 foram de 131 milhares de milhões de dólares, um sexto dos gastos americanos.