Populações rurais de 40 países reúnem-se na Áustria para exigir políticas justas

Populações rurais de 40 países reúnem-se na Áustria para exigir políticas justas


O segundo Parlamento Rural Europeu vai realizar-se, entre quarta e sexta-feira, na Áustria, com a participação de organizações de 40 países que querem ver reflectidos os interesses das populações rurais nas políticas nacionais e europeias.


Com a participação portuguesa da Federação Minha Terra, que agrega 53 Associações de Desenvolvimento Local, o encontro, a decorrer na cidade de Schärding, culmina a campanha que, ao longo de um ano, procurou, em 40 países europeus, “compreender o que a população rural pensa sobre as suas condições de vida”.

O objectivo da campanha lançada por três redes rurais europeias é, segundo um comunicado da Minha Terra, que dinamizou a iniciativa em Portugal, exigir das autoridades nacionais e europeias “um acordo justo para as comunidades rurais em toda a Europa”, fortalecendo a voz das populações rurais, bem como “promover a entreajuda e a cooperação entre as comunidades rurais”.

Nos três dias do encontro, 250 pessoas de 40 países irão debater os principais temas resultantes da campanha e definir um “Manifesto Rural Europeu que estabeleça uma agenda ambiciosa das políticas e acções a desenvolver ao longo dos próximos anos”, adianta a Minha Terra.

Em discussão estarão questões como as limitações colocadas à economia rural, a falta de bons empregos, a perda de população jovem, a redução de serviços, o sofrimento dos mais velhos, a pobreza e a exclusão social da população desfavorecida e das minorias étnicas.

O direito das comunidades rurais a uma qualidade de vida e a um padrão de vida igual aos das populações urbanas, o direito à plena participação nos processos políticos, uma visão para o futuro das comunidades rurais, inclusivas e sustentáveis, apoiada por economias rurais diversificadas e pela gestão efectiva das paisagens e do património cultural serão outros temas em discussão.

“O Parlamento Rural apelará a uma nova e inovadora parceria entre a população rural e os governos, de forma a inverter a espiral de declínio em muitas áreas rurais, para permitir que os jovens encontrem uma vida no campo, para combater a pobreza e a exclusão, e para construir um futuro positivo para milhões de explorações agrícolas e empresas rurais, pequenas ou familiares”.

Os promotores do encontro realçam, ainda, o papel que as áreas rurais podem desempenhar no combate às alterações climáticas e na sustentabilidade dos recursos ambientais, tema em destaque tendo em conta a preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas.

“Mais de 40 por cento das terras da Europa são florestas, que capturam carbono e produzem matérias-primas renováveis. As zonas rurais estão bem posicionadas para atender à crescente procura por energia renovável a partir de fontes eólica, hídrica, solar, térmica e biomassa”, sublinham.

Outro tema actual em análise será o dos refugiados que chegam à Europa provenientes de África e do Médio Oriente “em busca de refúgio e de uma vida nova e que “está a mobilizar a reflexão e a acção nas comunidades rurais”.

“Muitas áreas rurais, principalmente aquelas em que a população está em declínio, podem ser seleccionadas para acolher refugiados e outros recém-chegados. Contudo, o processo de acolhimento deve incluir o investimento necessário em habitação, serviços, infraestruturas e criação de postos de emprego”, referem.

Lusa