Kansas City Royals.  A monarquia voltou trinta anos depois

Kansas City Royals. A monarquia voltou trinta anos depois


Estiveram a perder em todas as vitórias mas souberam sempre dar a volta. É a simbologia perfeita de quem recuperou após perder a final em 2014 


Não são nenhuns Yankees com 27 títulos. Nem têm uma base de adeptos que se espalha pelos Estados Unidos apesar de uma longa série de anos sem títulos, como os Boston Red Sox ou os Chicago Cubs. Os Kansas City Royals são uma equipa pequena, semi-provinciana, perdida num estado no coração do país e sem grandes pontos de atracção.Mas têm garra, determinação e nunca dão nada por perdido.

Só assim poderiam conseguir uma marca histórica para a equipa. Um ano depois de terem perdido a final no sétimo e último jogo, disputado em casa ainda por cima, contra os San Francisco Giants, os Royals entraram para 2015 com um objectivo muito claro: regressar à final e garantir um resultado diferente.

Os New York Mets assumiram a vaga deixada pelos San Francisco Giants no lugar de campeões da Liga Nacional e tentaram conquistar o primeiro título desde 1986. O resultado foi ingrato: nos cinco jogos necessários para encontrar um campeão, a equipa nova-iorquina teve vantagem em todos. Mas só conseguiu segurar o triunfo no terceiro, o primeiro dos três realizados em casa.

A final foi marcada pelas reviravoltas. A maior, de 2014 para 2015, e pelas quatro mais pequenas. Começou logo no arranque, com os Royals a evitar a derrota no nono inning e a garantirem o triunfo no 14.o No segundo começaram a perder e venceram 7-1. No quarto estava 2-3 à entrada para o oitavo inning e acabou com 5-3. Depois, no quinto e último jogo, o desfecho só voltou a surgir no prolongamento:os Royals marcaram dois pontos no nono inning (2-2), forçaram o desempate e aceleraram para a vitória no 12.o com 7-2.

“Não podia ter escrito um argumento melhor”, confessou o treinador Ned Yost, depois de ter liderado a equipa ao primeiro título desde 1985. A mentalidade da equipa foi sempre mais forte e a análise geral dos cinco jogos não permite dúvidas: no conjunto dos sete primeiros innings, os Mets venceram 18-12. Daí para a frente, a vantagem pertenceu, de forma esmagadora, aos Royals (15-1).

Os seis dias da final tiveram um misto de alegria e tristeza para Edinson Vólquez. O lançador dominicano arrancou para o jogo inicial pouco depois da morte do pai e viajou para a República Dominicana após a vitória para tratar do funeral. No quinto e derradeiro jogo voltou a ser opção, apenas um dia depois do regresso. “Enquanto estava a andar para a minha posição, senti o meu pai logo ali atrás de mim, a dar-me apoio e a dizer-me para aproveitar o jogo e para ser feliz.” Volquez jogou seis innings e permitiu dois pontos aos Mets.

Os Kansas City Royals voltaram a ser os reis do basebol e quebraram um jejum de 30 anos. Desde a viragem do milénio, só Chicago White Sox (88), Boston Red Sox (86) e SanFrancisco Giants (56) conseguiram encerrar séries maiores. Para os Mets, a seca atinge os 30 anos na próxima época. Será dessa?