"Temos cerca de 460 mil árvores já plantadas, muitas delas pinheiros mansos e sobreiros", avançou à agência Lusa o responsável pela área de Servidões e Património da gestora da rede eléctrica nacional, João Gaspar, acrescentando que o objectivo é atingir um milhão de plantas em 2018.
A empresa que congrega as Redes Energéticas Nacionais (REN) promove a plantação de espécies autóctones, mais adequadas às características de cada região e mais resistentes aos incêndios, nos corredores de protecção das infraestruturas eléctricas instaladas por todo o país, uma iniciativa que se insere na sua política de sustentabilidade e que canaliza 3,0 a 3,5 milhões de euros por ano, para a manutenção daqueles espaços.
"Em termos anuais, na limpeza das faixas de servidão, [a REN] gasta três a 3,5 milhões de euros por ano, só na temática [da prevenção] dos incêndios florestais", segundo o responsável.
"Os terrenos são dos proprietários, são eles que vão cuidar das culturas e escolhem as espécies com as quais se sentem mais familiarizados, e um dos preferidos é o pinheiro manso que pode ter vários aproveitamentos, como a produção da pinha, e [outro é] o sobreiro, principalmente no sul, com a exploração da cortiça", explicou João Gaspar.
A REN "está a tentar diversificar as espécies que são instaladas nos corredores com outras alternativas com valor económico, como o medronheiro", salientou o responsável.
João Gaspar recordou que, antigamente, as faixas por baixo das linhas "eram espaços mortos" que traziam encargos à empresa e não davam rendimento aos proprietários.
Foi adoptada uma filosofia de gestão que permite tornar as redes eléctricas da REN em "redes multiserviços", reduzindo encargos e trazendo benefício aos proprietários.
Além de continuar a prestar o serviço para o qual foi pensada – o transporte de electricidade -, a REN poderá "aportar outros serviços para os proprietários em particular e para a sociedade civil", segundo João Gaspar, que dá o exemplo do facto de estes espaços também estarem adaptados à prevenção de incêndios florestais.
As espécies autóctones são preferidas pois, "por norma, não têm grande altura, não desenvolvem grande porte", sendo compatíveis com a exploração das infraestruturas eléctricas, e "são mais resistentes aos incêndios florestais que sempre existiram, [embora] nos últimos anos tenham tido um maior foco", explicou.
Este projecto da REN, com o apoio da Quercus, por vezes, acaba por potenciar o desenvolvimento das plantações, além das faixas de 45 metros, já que o proprietário alarga a actividade ao resto do seu terreno.
A REN anunciou hoje a assinatura de um acordo de parceria com a LIFE ELIA, para o sul da Europa, para trocar informação sobre mapeamento, estratégias e técnicas de rearborização e restauro de ecossistemas, planeamento de gestão da vegetação a médio e longo prazo e divulgação de boas práticas no sector.
A iniciativa da empresa belga congénere da REN, a ELIA, tem o apoio do programa comunitário LIFE, destinada à área da conservação da natureza.
Lusa