O novo ministro da Administração Interna, João Calvão da Silva, visitou esta segunda-feira a baixa de Albufeira e afirmou que as cheias deste domingo, “uma fúria da natureza”, foram “uma lição de vida para todos nós”.
Calvão da Silva sublinhou que as forças operacionais funcionaram “muito bem”. “A fúria da natureza não foi nossa amiga. Deus nem sempre é amigo. Também acha que de vez em quando nos dá uns períodos de provação”, afirmou Calvão da Silva, acrescentando que as forças operacionais “funcionaram muito bem”.
“Em quase todo o lado, excepto em Albufeira, o nível autárquico foi suficiente de acordo com as medidas. E só não foi suficiente aqui em Albufeira, porque a força da natureza, na fúria demoníaca, embora os ingleses digam que é um acto de Deus, um 'act of God', a gente tem traduzir de outra maneira…"
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O ministro da Administração Interna disse ainda que o governo só decidirá se declara o estado de calamidade pública quando estiver feito o levantamento dos estragos causados pela chuva em Albufeira e se estiverem preenchidos os requisitos necessários.
"É preciso que o levantamento seja feito e, verificado esse levantamento, com os requisitos legais preenchidos, aplica-se a lei", declarou o governante, sublinhando não estar ainda em condições de dizer se vai ser declarado o estado de calamidade pública, uma vez que os "as leis são para cumprir e os requisitos legais têm de se verificar".
O ministro defendeu a necessidade de os comerciantes terem seguro. “Verifiquei que há muita gente que diz que já accionou os seus seguros. Fantástico. As pessoas estão conscientes que há outros mecanismos para além dos auxílios estatais", afirmou perante os jornalistas. "Cada um tem um pequeno pé-de-meia. Em vez de o gastar a mais aqui ou além, paga um prémio de seguro. Não imagina a quantidade de pessoas que falaram que já accionaram o seguro. Isto é uma lição de vida para todos nós.”
Calvão da Silva lamentou "a perda de uma vida humana" com o temporal em Boliqueime e prestou condolências à família. "Fiz questão de começar esta visita pelos cumprimentos de condolências à família enlutada. Era um homem que já tinha vindo do estrangeiro, tinha 80 anos, fica a sua mulher Fátima. Ele, que era um homem de apelido Viana, entregou-se a Deus e Deus com certeza que lhe reserva um lugar adequado.”
Sobre os comerciantes que não têm seguro, Calvão da Silva disse que "quem não tem seguro, aprende em primeiro lugar que é bom reservar sempre um bocadinho para no futuro ter seguro. Em segundo, é bom esperar que o levantamento seja feito pela autarquia, que é a autoridade adequada, e mostrar que os requisitos de calamidade se verificam". E de novo questionado sobre as dificuldades dos comerciantes que estão nessa situação, acrescentou: "Eu sei que há muitas carteiras magras. Mas está a falar com uma pessoa que nasceu em Trás-os-Montes, que sabe o que é ser pobre e vir do pobre e tentar ser alguém. A mobilidade social funciona para todos. E todos temos de ter a nossa responsabilidade no sentido e dizer: 'eu tenho um negócio, vou fazer o meu seguro para que se o infortúnio me bater à porta tenha valido a pena pagar o prémio."
João Calvão da Silva, que falava aos jornalistas durante uma visita à baixa de Albufeira, a zona mais afectada da cidade pelo mau tempo no domingo, explicou que a declaração do estado de calamidade pública "não é uma lei que se faz por qualquer coisinha", salientando que, para accionar a lei, é preciso que se verifiquem determinados requisitos.
Calvão da Silva sublinhou que "o que conta é a ajuda imediata", e disse: "Esta gente precisa de ajuda imediata, que passa por uma palavra de solidariedade imediata. Estou aqui hoje, mesmo que logo à noite já não fosse ministro."
O governante esteve hoje no Algarve para dar as condolências à família do homem que morreu em Boliqueime, após o seu carro ter sido arrastado pela água, tendo visitado a baixa de Quarteira, que praticamente já regressou à normalidade, e a baixa de Albufeira, a zona mais afectada, com muitas dezenas de estabelecimentos afectados pela intempérie de domingo.
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de o governo agora empossado já não estar em funções quando terminar o levantamento dos estragos, João Calvão da Silva disse que o que conta "é a ajuda imediata" da presença do governo, independentemente do seu "horizonte temporal", e frisou que estaria na hoje em Albufeira mesmo se soubesse que à noite já não seria ministro.
Confrontado com o facto de muitos dos comerciantes atingidos pelos estragos não terem seguro, o governante disse que esta é uma forma de aprender, em primeiro lugar, "que é bom reservar sempre um bocadinho para no futuro ter seguro".
O ministro da Administração Interna refutou, por outro lado, as críticas de que os alertas da Protecção Civil não teriam funcionado e elogiou o trabalho dos agentes distritais e, também, dos voluntários que estão a participar nos trabalhos de limpeza das zonas afectadas.
"Os alertas funcionaram, as pessoas tomaram as medidas preventivas, o que acontece é que as medidas preventivas normais aqui não foram suficientes", referiu, sublinhando, contudo, que quem tomou medidas de prevenção pode ter conseguido atenuar alguns danos.
O presidente da Câmara de Albufeira estimou hoje em “largos milhares de euros" os prejuízos causados pelas inundações de domingo, que abrangem redes de esgotos, águas e electricidades, estradas e ruas, um pouco por todo o concelho, e praias também.
No centro da cidade de Albufeira, a zona mais atingida pelas fortes chuvas e onde a água atingiu cerca de 1,80 metros de altura, as equipas de limpeza e os comerciantes estão desde manhã a tentar remover lamas e objectos arrastados pela corrente. Com Lusa