Saber quais são, porém, não é nada fácil para um estranho em terras estrangeiras. Na impossibilidade de largar tudo e apanhar o avião para conhecer in loco o que irrita europeus e americanos, resta-nos fazer um périplo por blogues e sites de viagens. São os melhores guias para conhecer o lado negro, único e irrepetível de cada povo.
Italianos
Pés descalços, superstição e café instantâneo: a receita explosiva
Andar pela casa com os pés descalços é o pior que se pode fazer a um italiano. E se o anfitrião lhe oferecer um par de chinelos não pense que é cortesia. Recusá-los pode originar uma súbita mudança de humor, avisa a Swide Magazine, revista online da Dolce and Gabbana. O contrário também provoca o efeito semelhante. Explicando melhor, se quiser evitar graves incidentes diplomáticos não estique as pernas em cima da mesa com pés calçados. Nem mesmo entre amigos. Em boa parte dos países europeus ou nos Estados Unidos, o comportamento está na fronteira da má-educação, mas em Itália, assegura a Swide, é uma ofensa de dimensões catastróficas. Há no entanto maneiras mais divertidas de irritar um italiano. Experimente passar por baixo de uma escada na rua, não fugir de um gato preto ou abrir um guarda-chuva dentro de casa. Em todas as culturas há superstições mais os italianos levam essa dimensão ao limite. Se o alvo for o futebol, tudo se conjuga para vir a descobrir o lado negro dos italianos. Não é coisa que se recomende a ninguém e por isso não diga nada que possa portare sfortuna. Sobretudo antes de um jogo. Para rematar, faça pequenas coisas como oferecer um café instantâneo, encher o prato de ketchup e apregoar aos sete ventos que Paris é que é a capital mundial da moda.
Veja mais em http://www.swide.com/art-culture/15-ways-to-piss-off-your-italian-friends-for-sure/2015/02/18
Espanhóis
Entre o regionalismo e o orgulho nacional: o equilíbrio perfeito
Se estiver em Madrid, nem pense em torcer pelo Barcelona. E vice-versa. O conselho surge no SPanishYoutoo.com e é útil para quem não percebe nada dos clubismos (leia-se também regionalismos) que separam os espanhóis, mas há outras recomendações que podem ser seguidas em qualquer parte do país. Não se atreva por exemplo a elogiar o vinho francês em detrimento do espanhol. E quem diz vinho francês diz azeite italiano. Na defesa das marcas nacionais, nuestros hermanos deixam as rivalidades e enchem o peito de orgulho para defender tudo quanto seja made in Spain, avisam os gestores do site que ajuda estudantes estrangeiros a perceber um pouco melhor as manias e os humores dos espanhóis. Pior que não reconhecer a qualidade dos produtos espanhóis é não fazer ideia de onde fica Espanha. Essa é mesmo a estocada final. Se por acaso der a impressão que se está a borrifar ao ponto de nem se dar ao trabalho de ver onde fica o país no globo terrestre, terá boas hipóteses de ver a sua integridade física em risco.
Veja mais em http://www.spanishyoutoo.com/en/piss-off-a-spaniard
Alemães
Desligue o aspirador agora! A disciplina do silêncio é para levar a sério
Experimente ouvir música sem phones no telemóvel ou no MP3. São grandes as probabilidades de irritar um alemão. E as hipóteses de ouvir um sermão são ainda maiores. Esse é um dos avisos dos Nômades Digitais, website brasileiro vocacionado para quem quer passar umas temporadas fora do país ou usar a tecnologia para vir a trabalhar para uma empresa estrangeira. O silêncio é uma regra para respeitar em qualquer espaço público, e mesmo na esfera privada a liberdade nunca é total. Longe disso. Uma das etiquetas de boa vizinhança determina que a hora de almoço serve para descansar. A obrigação está até formalizada nos contratos de arrendamento e tem um termo próprio – Mittagsruhe (descanso do meio-dia). A pausa começa por volta das 12h e termina três horas depois. Nesse intervalo, a televisão tem de estar num volume baixo e electrodomésticos barulhentos como aspiradores ou varinhas mágicas são suficientes para despertar a ira por trás da porta do lado. Mandam ainda as regras da boa vizinhança que, sempre que se organize uma festa, se avisem atempadamente os moradores do prédio. O procedimento correcto é apenas enviar um bilhetinho com contactos, o dia e a hora do evento. E ainda um convite – não é obrigatório, mas pode reduzir significativamente o risco de uma visita indesejada da polícia.
Ver mais em http://nomadesdigitais.com/10-coisas-que-voce-nao-sabia-sobre-os-alemaes
Franceses
Há maior inutilidade que uma greve? Não espere pela resposta
Se há coisa que derrete um parisiense é ver um estrangeiro a falar o seu idioma. Já se abordar um deles em inglês ou em qualquer outra língua arrisca-se a ficar a falar sozinho. Este é o conselho mais óbvio, mas o que não falta são dicas para provocar os franceses nos blogues de viagens. No “13 anos depois…” há dez sugestões que incluem corrigir o inglês, principalmente quando pronunciam as palavras que começam com H (House/rause), defender que a greve é um acto de rebelião inútil, criticar a cabeçada que Zidane deu a Materazzi no Mundial de 2006 – sim, foi há uma década, mas é como se fosse ontem – ou ainda perguntar se tomam banho todos os dias. No site O melhor de Paris aconselha-se vivamente a não ficar parado à esquerda na escada rolante ou a chamar a um deles hipster. E tenha o maior cuidado para não trocar os nomes. Os franceses levam a etiqueta muito a sério, avisa a publicação americana “French District”. O primeiro nome só é permitido mediante autorização expressa. De resto, vale só o apelido e com o respectivo título académico. Até parece que snob tem origem francesa e não em terras de sua majestade.
Portugueses
Não há só um, mas três calcanhares de Aquiles: Descobrimentos, espanhóis e brasileiros
lll Não há muita gente com vontade de irritar o povo português. O tema é quase inexistente nos blogues ou sites de viagens e o que nos salva é a publicação electrónica Matador Network dedicada a cinema, arte e lifestyle. E também o contributo de Luís Azevedo, especialista em cinema da Universidade da Beira Interior, que acerta na mouche quando propõe que se comece por insultar a nossa história. Para isso bastará lembrar que não há melhor tempo que o presente assim que ouvir aquela ladainha de que já dominámos o mundo. É verdade que descobrimos o caminho marítimo para a Índia, é também verdade que achámos o Brasil e que metade do mundo já nos pertenceu. Mas foi há 500 anos! E se é preciso recuar até à época dos Descobrimentos para encontrar um grande feito português, é porque este povo vive mesmo no passado. Explorar as rivalidades com Espanha e com o Brasil é outro calcanhar de Aquiles. Diga que pensava que Portugal é ou foi uma colónia de Espanha. Ou então que o nosso único Nobel da Literatura é espanhol, já que José Saramago viveu as últimas duas décadas em Lanzarote e até defendia a integração de Portugal em Espanha. E a cereja em cima do bolo é confundir o português de Portugal com o português do Brasil. Levámos nós a língua de Camões no século xv para as Américas e agora é o que se vê. A língua portuguesa só dá nas vistas porque há quase 200 milhões de falantes que a usam com sotaque brasileiro. Essa é a verdade que dói. O que nos salva é o Mourinho e o Cristiano; esses ninguém nos tira.
Ver mais em http://matadornetwork.com/br/como-irritar-um-portugues
Ingleses
Bifes é o que menos incomoda. Porcos e bêbados é muito pior
Por mais blogues de viagens que se percorra à procura das fraquezas dos ingleses, nada bate o livro de um português que conseguiu tirar do sério todo um povo. O português é João Magueijo, cientista alentejano que vive há mais de duas décadas em Londres e faz parte do Grupo de Física Teórica do Imperial College. O livro tem o título de “Bifes Mal Passados — Passeios e Outras Catástrofes por Terras de Sua Majestade” (edição Gradiva) e usa todos os truques baixos para acabar de vez com qualquer snobismo britânico. “Porcos”, “promíscuos” e “bêbados” nem são os insultos mais pesados. Aqui ficam uns excertozitos da obra, publicada o ano passado, só para se perceber porque ainda hoje o investigador tem a cabeça a prémio. “Quando se visita casas inglesas, ou as casas de banho nas escolas ou nos alojamentos estudantis, são tão nojentos que até a gaiola de aves da minha avó é mais limpa.” “Não é normal beber 12 litros de pints, ou dois enormes baldes de cerveja por pessoa. Até um cavalo se embebedava, mas em Inglaterra é prática corrente.” “Em Inglaterra, os homens de verdade têm de beber como esponjas, comer até aos ossos e vomitar tudo ao fim da noite.”
Americanos
Futebol ou soccer. Sabe o que escolher?
Até uma criança consegue tirar um americano do sério. Qualquer das seguintes propostas do “The Alpha Brain” resulta em cheio. Assuma que toda a gente tem uma arma; diga que são todos gordos e só comem porcarias; proclame o futebol europeu o melhor desporto do mundo num tom condescendente. Diga também que estão a milhas de distância no que toca à sofisticação dos ingleses. E culpe-os por terem um dia eleito Bush filho presidente. Muitos até admitem que ele travou uma guerra sem justa causa e que provavelmente possui um Q.I. muito abaixo das expectativas quanto a um líder mundial, mas não querem falar mais sobre o assunto. O golpe mais baixo, no entanto, será dizer que são racistas. A questão racial é um problema sério, mas não é razão para esquecer que os States são a terra das oportunidades e que o melting pot faz parte da sua mais pura essência.
Ver mais em http://thealphabrain.com/10-easy-ways-to-piss-off-an-american