Tudo o que só se aprende depois da licenciatura

Tudo o que só se aprende depois da licenciatura


Ao entrar no ensino superior julga-se que se vai aprender tudo o que é relevante para garantir uma carreira profissional bem sucedida. Não que seja mentira, mas também não é 100% verdade.


O que os professores ensinam pode ser importante para o resto da vida, mas há certas lições que não se aprendem na sala de aula ou nos manuais escolares. Marketing pessoal, rede de contactos ou organização são algumas das características imprescindíveis para quem vai tentar a sorte no mercado de trabalho, mas não são matérias incluídas nos planos curriculares. Nem tão-pouco o que procuram as empresas nos seus candidatos. Felizmente há algumas entidades que ajudam nessa tarefa. Aqui ficam alguns conselhos retirados de relatórios de consultoras, teses de investigação e outros estudos internacionais.
 

1 – Construir uma rede de contactos

Networking. A estreia no mercado de trabalho é o passo mais assustador. E mais ainda se não existir trabalho de casa prévio. Construir uma rede de contactos é determinante e isso começa logo na faculdade, com os professores e colegas que podem vir a ajudar abrir portas no mercado de trabalho. É importante por isso manter o contacto com eles mesmo depois de deixar a faculdade. Ter o número de telemóvel ou o email é o ideal, mas o que se torna mesmo obrigatório é incluí-los na sua rede do LinkedIn, do Twitter ou do Facebook para que possam acompanhar o seu percurso profissional. O networking é uma tática essencial, pois quanto mais pessoas se conhecem (e se consegue impressionar) maiores as possibilidades de se vir a ser recomendado.

Filiar-se em organizações profissionais ou associações estudantis, frequentar eventos de networking e estar atento às oportunidades que a universidade oferece são estratégias que podem dar frutos.

 

2 – Cuidado com o que escreve nas redes sociais

Atitude positiva. Muita atenção ao que publica nas redes sociais para não destruir a imagem que quer que tenham de si. Os comentários, as fotos e os likes são muitas vezes o seu espelho e os empregadores estão atentos a tudo isso. Lamúrias online sobre a dificuldade em encontrar emprego estão por isso proibidas. O importante é centrar-se nas competências e manter uma atitude positiva.

 

3 – Tudo o que é preciso numa única pasta

Sempre à mão. Criar uma pasta com tudo aquilo de que precisa para preparar a entrada no mercado de trabalho facilita a tarefa. Nessa pasta devem estar documentos essenciais como o currículo, os diplomas, as cartas de recomendação, os cartões-de-visita de empresas com os contactos e ainda uma seleção das entidades que julga serem adequadas ao seu perfil. Antes de ir a uma entrevista é obrigatório pesquisar a empresa para descobrir em que função pode vir a ser uma mais-valia. A honestidade sobre as suas competências é essencial. Os recrutadores estão habituados a caçar mentiras, que além do mais de podem vir a assombrá-lo mais tarde.

 

4 – Cultivar a imagem

Ser e parecer. Por mais que se negue, a imagem é determinante para mostrar que se leva a profissão a sério. Sobretudo no caso de não se contentar com ficar no mesmo degrau durante os próximos anos. Se é uma função de gestão que se pretende, vestir-se como se ainda estivesse na faculdade não ajuda nada. E se o trabalho envolve contacto com clientes será preciso ter igualmente a consciência de que a roupa e a atitude mudam a perceção que os outros têm de si. Para sair da eterna promessa é preciso dar nas vistas. Ou melhor, dar provas daquilo que se vale. Ser notado pelas ideias ousadas, pelo empenho e pela capacidade de iniciativa será o melhor trunfo para não perder as oportunidades que surgem. Para os empregadores, ser-se responsável não é apenas ser pontual, implica também pedir autorização quando tem de faltar e justificar as ausências, cumprir prazos ou avisar com antecedência quando isso não for possível. A responsabilidade passa sobretudo pela capacidade de assumir compromissos e cumpri-los com brio profissional.

 

5 – As apostas em início de carreira

O salário não é o mais importante. Lembre-se também que o salário nem sempre é o mais importante. Para início de carreira é por vezes preferível apostar numa empresa que ajude a desenvolver os seus melhores talentos, o contacto com colegas experientes e perspetivas de progressão na carreira.

 

6 – Saber passar a mensagem

Carisma e oratória. É importante saber comunicar de forma eficaz, conseguindo explicar os objetivos e as competências que se julga ter. A oratória e o carisma nem sempre são dons inatos, podem ser praticados em frente ao espelho ou em casa com amigos e família. Estar preparado para fazer um discurso em qualquer lugar é um dos conselhos dos recrutadores porque nunca se sabe quando surgem as oportunidades. Manter o contacto visual, apertar a mão das pessoas com firmeza e nunca – mas nunca – atender o telemóvel ou consultar o email durante uma conversa com alguém que pode ajudar a expandir a rede de contactos.

 

7 – Definir uma estratégia de marketing

A escola da vida. Quem acredita que só com a licenciatura está safo cedo vai descobrir que todos os candidatos têm as mesmas habilitações e será preciso encontrar outras mais-valias para se destacar. O percurso feito e as competências que se mostram para a função a que se candidata são determinantes. Estágios, part-times, viagens, voluntariado, associativismo são formas de adquirir experiências reconhecidas pelas empresas que em boa parte dos casos até são mais valorizadas que a média do curso. Mais que uma folha com dados pessoais e profissionais, o currículo deve ser uma estratégia de marketing em que se avaliam as necessidades da empresa para construir um CV adaptado às funções que se julga estar apto a desempenhar.

 

8 – Da teoria à prática

Há muito para aprender. A média do curso de pouco servirá na hora de apresentar uma proposta a um cliente ou desenvolver um projecto solicitado pelo chefe. À teoria aprendida na universidade é preciso juntar bastante humildade para saber que ainda há muito para aprender. É uma necessidade que deverá acompanhar qualquer bom profissional o resto da vida. Aprender com os outros e com tudo o resto que possa vir a ser útil. Ou seja, a formação contínua é um requisito que as empresas exigem cada vez mais.

 

9 – O que querem os empregadores

Responsabilidade. Um em cada dez empregadores portugueses admite não preencher as vagas na totalidade porque os candidatos não apresentam as características e competências desejáveis. É isso pelo menos que conclui o relatório “Educação para o Emprego: Pôr a Juventude Europeia a Trabalhar”, da consultora McKinsey & Company. E quais são as competências mais valorizadas? Segundo a TESE – Associação para o Desenvolvimento – a responsabilidade no emprego é, para 61% dos empregadores portugueses, uma das competências sociais mais importantes. As outras são a disponibilidade para aprender, a proactividade e a capacidade de trabalhar em equipa.