O presidente do Millennium BCP, Nuno Amado, destacou esta quarta-feira a importância da manter bancos privados portugueses a operar no país e considerou que a banca está hoje "melhor preparada em ‘governance', em princípios e em capital".
"Todos os países europeus com uma história de centenas de anos têm bancos privados nacionais. Sobretudo quando há ciclos de risco, é importante haver uma banca privada portuguesa com dimensão para o nosso mercado", afirmou Amado durante a conferência "Sector Bancário Português: a Supervisão e a Regulação. Que regras para uma efectiva estabilização do sistema financeiro e a recuperação da sua credibilidade", que hoje assinalou, no Porto, o 37.º aniversário da UGT.
Na sua intervenção na conferência, o presidente do Banco Comercial Português (BCP) considerou que "a união bancária está a caminhar no sentido certo", mas para que este caminho seja efectivamente "certo tem que ter uma integralidade que faça sentido".
"Depois das dificuldades iniciais a supervisão europeia está a funcionar, mas ainda faltam outros [aspectos]. O grande desafio é a implementação, de facto e completa, do que é a união bancária e não a deixar a meio do seu caminho", sustentou.
Relativamente ao sistema bancário português, considerou que se pode "acreditar" nele, designadamente "dentro do sistema bancário europeu": "O tema da liquidez penso que está largamente ultrapassado" e "o sector como um todo está hoje melhor preparado em ‘governance’ [gestão], em princípios e em capital", disse, embora acrescentando que "houve instituições que passaram muito ao lado" dos temas da sustentabilidade e credibilidade que têm dominado os últimos anos no sector.
Quanto ao BCP, Nuno Amado disse estar "a fazer caminho no sentido certo da credibilidade", encontrando-se "a trabalhar ao nível de ‘governance’, das funções e processos e ao nível dos objectivos", que hoje passam por garantir a "confiança" dos clientes, satisfazendo as suas "necessidades de poupança" e de financiamento, e por assegurar o financiamento da economia portuguesa "nos sectores produtivos".
Também presente na conferência, o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, considerou que "o bom governo efectivo das sociedades depende essencialmente das pessoas que aplicam esses modelos".
"Prefiro um mau governo com boas pessoas do que um bom governo com más pessoas", disse, salientando que "a solução mais importante" é "restaurar os valores tradicionais da banca", em que "o interesse principal é o cliente" e há "tolerância zero para as más práticas".
"Desde administradores até ao [trabalhador] que está ao balcão, este princípio é essencial e quase dispensa todos os outros. Porque por muitas leis ou regulamentos que se façam, valerão muito pouco e serão muito rapidamente ultrapassados por quem não respeita estes princípios", concluiu Carlos Tavares.
Lusa