Mil e uma perguntas para uma única escolha.

Mil e uma perguntas para uma única escolha.


Como escolher o caminho certo no meio de um labirinto de mestrados, MBA e pós-graduações? Quando não se sabe que caminho seguir é preciso perguntar onde se quer chegar antes de tomar qualquer decisão.


João acabou de sair da faculdade, mas tem alguma experiência profissional. Fez um estágio de Verão durante a licenciatura e quando a terminou esteve seis meses a estagiar numa empresa. Para começo de conversa já é alguma coisa, mas os três anos na universidade podem não ser suficientes.

Daí querer aprofundar ainda mais a sua formação. Acontece porém que, antes de tomar qualquer decisão, é preciso primeiro atravessar um labirinto. À sua frente tem várias portas que abrem caminhos e futuros diferentes.

O que deverá escolher? Continuar na sua área de estudo? Saltar para outra radicalmente distinta? Tirar uma especialização ou apostar numa formação mais geral? E uma pós-graduação bastará? Ou será preferível um mestrado ou um MBA? São demasiadas dúvidas que assaltam esta personagem fictícia.

Mas não é por ser fictício que João não enfrenta as mesmas indecisões que muitos licenciados quando chega a hora de escolher a melhor formação após deixar a universidade. E tomar uma decisão é bem difícil quando não há uma receita única. “Tudo depende do caminho de cada um e de onde se quer chegar”, explica Patrícia Pita, gestora de clientes da RHmais.

Para isso é preciso levantar as questões certas, o que leva a fazer mais perguntas. O que quero fazer? O que é preciso para aí chegar? Como me posso financiar se não tiver dinheiro para pagar a formação? Estas e muitas outras.

Quando não se sabe que carreira se quer seguir, a escolha da melhor formação torna-se mais complicada. Mas não impossível. “Falar com as universidades, perceber o plano curricular dos cursos, conversar com profissionais mais experientes são formas úteis de se ir percebendo o que se quer”, conta Maria Levy, manager da plataforma “The Talent City”, da Jason Associates.

Ter formação adicional é uma mais-valia no mercado de trabalho, mas a teoria de nada vale se não for suportada por objectivos concretos.

 

ESCOLHAS Hoje um mestrado não impressiona ninguém. “As empresas vêem-no já como um mínimo olímpico”, alerta Maria Levy. Mas não é por isso que não deve ser uma aposta. Pelo contrário. Para a maioria das empresas, como evidenciam a Sonae Sierra e a Repsol Portugal, ter um mestrado é importante. E que dizer de MBA e pós-graduações? Tudo depende dos objectivos de quem escolhe. “A melhor decisão é a tomada de acordo com o contexto do estudante”, realça Patrícia Pita. “Claro que há formações mais reconhecidas que outras: o mercado valoriza mais os MBA (pela dedicação, pela exigência e pelas competências adquiridas) que os mestrados ou as pós-graduações. Mas não vejo tantas diferenças entre estes dois.”

 

ESPECIALISTA OU GENERALISTA A distância entre um e outro está na especialização: “Os mestrados e MBA tendem a ser mais generalistas, as pós-graduações mais especializadas.” A escolha depende do que se ambiciona e da fase da vida em que se encontra: “Se acabo uma licenciatura, não devo escolher uma pós-graduação, mas um mestrado ou MBA, porque ainda não tive experiência profissional.”

E o que procuram as empresas: generalização ou especialização? À partida, “o mercado exige alunos formados numa vertente mais ampla e, grosso modo, a diversificação é uma mais-valia”, aponta a vice-presidente do departamento de Saídas Profissionais e Empreendedorismo da Universidade do Minho, Natália Silva, reconhecendo contudo que essa valorização depende das áreas profissionais.

Não devemos querer aplicar a mesma receita a todos os casos, diz Patrícia Pita: “Em áreas em que a formação de base é muito geral, talvez faça sentido especializar, e vice-versa.” Mas não existe uma regra única, como ressalva a coordenadora de recrutamento da Sonae Sierra, Ana Cruz: “Tudo isto é um puzzle que se vai construindo entre o candidato e o que a empresa procura num dado momento.”