Já percebemos que único acordo de princípio que existe entre o PS e a esquerda é correr com Passos dê por onde der. Os dias passam e não se consegue sequer adivinhar uma medida concertada entre os três partidos que constituem a actual maioria parlamentar. Com excepção de impedir Passos de governar, ninguém consegue dizer com propriedade que exista acordo “estável e duradouro” à esquerda que envolva PS, PCP e BE.
Aliás, sobre essa “estabilidade”, e sobre esse acordo, Jerónimo de Sousa foi bastante claro. Não faz futurologia. Nem pode. Não só porque não existe mas sobretudo porque sabe que as regras orçamentais europeias são incompatíveis com um acordo de dimensão suficientemente confortável para perdurar por tanto tempo. Pelo menos com o apoio inequívoco do PCP. A previsibilidade do PCP é, ao contrário de que se possa pensar, um factor de estabilidade democrática, na medida em que sabemos quase sempre o que esperar do seu posicionamento.
O acordo à esquerda que Costa insiste em dizer que há, mas não diz qual é, é portanto um acordo virtual, de ficção, cujo único objectivo consiste em afastar Passos da chefia do governo, quebrando a prática constitucional.
Se o governo de Passos chumbar, o que tudo aponta que aconteça pois não se prevê um recuo do PS, ficaremos finalmente a saber qual a consistência deste acordo programático não só nas medidas mas sobretudo na durabilidade.
Se ele for apresentado apenas com base num apoio de incidência parlamentar, sem um vínculo expresso do PCP e do BE, já sabemos onde, mais cedo ou mais tarde, nos conduzirá.
Deputado
Escreve à segunda-feira