PS. Costa abre guerra ao “professor Aníbal Cavaco Silva”

PS. Costa abre guerra ao “professor Aníbal Cavaco Silva”


Assim mesmo, pelo nome próprio, António Costa atirou ao Presidente de forma intensa, arrasando todos os argumentos utilizados por Cavaco Silva para indigitar Passos Coelho. E diz até que a declaração de Cavaco Silva “reforça a determinação de concluir as negociações em curso” com a esquerda. O acordo mantém-se, com o PS a validar o…


O PS aprovou a apresentação de uma moção de censura ao programa do futuro governo PSD e CDS e, no fim de uma reunião da Comissão Política Nacional do partido, António Costa arrasou, um por um, os argumentos com que o Presidente da República justificou a indigitação de Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro. “Os socialistas não têm nenhuma lição a receber do professor Aníbal Cavaco Silva”, afirmou Costa.

“Inaceitável”, “incompreensível”, “usurpação”, “afrontoso”, “cria uma crise política inútil”. Foram alguns dos termos com que o líder socialista se referiu à comunicação ao país do Presidente da República, na quinta-feira à noite. Perto das duas da manhã, depois de mais de quatro horas de reunião com os socialistas, António Costa considerou “inaceitável o conjunto de explicações apresentadas pelo Presidente da República” para justificar a indigitação de Passos Coelho. 

A declaração do secretário-geral do PS começou logo a avisar que a comunicação de Cavaco Silva era “grave”, começando por considerar “incompreensível a nomeação de um primeiro-ministro que antecipadamente o Presidente da República sabe que não dispõe, nem tem condições de vir a dispor de apoio majoritário na Assembleia da República”. 

E Costa continuou a carregar no tom passando à acusação, também dirigida a Cavaco Silva, de estar a “criar uma crise política inútil que adia a entrada em plenas funções de um governo com apoio parlamentar maioritário”. O socialista disse também ser “inaceitável” que o Presidente “exclua o diálogo político, a que tanto apelou, a um conjunto de partidos que representam democraticamente um milhão de portugueses”. 

A acusação foi mais longe, com Costa a dizer que Cavaco fez tudo isto “usurpando a competência exclusiva da Assembleia da República pretendendo confundir o que será o programa do governo com os legítimos programas dos partidos que o apoiam ou venham a apoiar”. Aqui, o socialista atacava as considerações do chefe de Estado sobre o anti-europeísmo que atribui a PCP e BE, os parceiros de negociações do PS na busca de uma solução de governo alternativa e estável.

Aliás, neste ponto, Costa atira antes ao Presidente a responsabilidade de por “em causa a imagem internacional de Portugal e a serena estabilidade com que os mercado têm acompanhado a situação nacional”. E até avisa que a declaração presidencial reforça a “determinação de concluir as negociações em curso de forma a garantir aos portugueses um governo em plenitude das suas funções, com apoio maioritário que assegure estabilidade governava e dê tradução à vontade de mudança expressa nas últimas eleições”.

No fim da reunião o PS aprovou, com apenas duas abstenções (uma delas do antigo membro da direcção de António José Seguro, António Galamba), a apresentação no parlamento de uma moção de rejeição “de qualquer programa de governo que se proponha manter no essencial as políticas da anterior legislatura, rejeitadas por larga maioria dos portugueses nas últimas eleições”. No comunicado distribuído aos jornalistas no final da reunião fica expresso que a moção avança “atendendo ao facto de o PS estar em condições de oferecer ao pais uma alternativa  de governo consistente, estável e duradoura”.