Eduardo Ferro Rodrigues, recém empossado como presidente da Assembleia da República, exigiu hoje “respeito pela soberania” do parlamento. Uma mensagem que vai directa para o Palácio de Belém, um dia depois de Cavaco ter anunciado a indigitação de Pedro Passos Coelho para o cargo de primeiro-ministro e de ter deixado duras críticas a uma possível coligação de esquerda.
E não foi o único recado para Belém do presidente da AR (que é a segunda figura do Estado). “Nenhum representante do povo está à partida impedido de contribuir” para o seu país, afirmou Ferro Rodrigues, aplaudido pelas bancadas do PS, do BE e do PCP. Mais claro ainda: “Não há deputados de primeira e de segunda, não há grupos parlamentares de primeira e de segunda, não há coligações aceitáveis e outras não”.
Ao contrário do que é habitual – o discurso de tomada de posse do presidente da AR é, habitualmente, pacífico – a intervenção de Ferro Rodrigues foi recebida com notório desagrado pelas bancadas da direita, onde foram visíveis (e por vezes audiveis) os protestos. Em sentido contrário, o novo presidente do parlamento foi aplaudido várias vezes pelas três bancadas à esquerda.
A eleição de Ferro Rodrigues marca a primeira vitória da esquerda unida contra as bancadas de PSD e CDS, que apoiaram o nome de Fernando Negrão. Ferro teve 120 votos (o que significa que houve pelo menos uma abstenção nas bancadas da esquerda, que reúne um total de 122 deputados). Fernando Negrão teve 108 votos (mais um do que os 107 do PSD e CDS).
