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Fechou esta semana a legislatura em Madrid, com um debate interessante em que todos os partidos tiveram de ir a jogo, apresentando caminhos para o país. Percebe-se que a ideia de alternância entre o PP e o PSOE morreu e há projectos claros de poder nas novas forças políticas.
As últimas eleições já mostraram isso e em Dezembro o cenário político deverá ter profundas alterações. O PP joga a recuperação económica como argumento para continuar, mas pratica já mudanças nos impostos e no poder de compra, querendo mostrar ao eleitorado que se vai afastar da política de contenção desta legislatura.
Os socialistas apelam aos independentes para se juntarem ao partido, com um novo rumo económico e uma outra política, que consiga efectivamente criar empregos e resolver os maiores problemas do reino.
O Podemos e o Ciudadanos querem uma regeneração da política e dos políticos, com uma maior proximidade aos eleitores e uma democracia mais participativa. Ao centro e à esquerda, estas duas forças políticas são olhadas com esperança num país que fugiu da intervenção da troika, mas tem passado por grandes dificuldades.
É verdade que a economia está de novo activa e a crescer, mas os espanhóis querem viver outra vez com tranquilidade, sem o medo constante do desemprego e do fim do mês sem dinheiro para pagar todas as contas. O debate político é mais concreto que nas últimas eleições em Portugal. Parece que ninguém tem medo de explicar como quer desenvolver o país.
Percebeu-se isso na sessão que encerrou a legislatura. A grande questão será a solução de governo e os entendimentos que serão necessários para criar uma maioria estável. Nenhum dos partidos se põe fora de eventuais negociações, mas parece certo que com o Podemos ou o Ciudadanos quer o PP quer o PSOE terão de mudar profundamente a forma de governar.
A nova noção de democracia com mais exigências que se afirmou em inúmeras manifestações de rua e em eleições autárquicas e regionais chega agora a toda a Espanha. Estou curioso para ver como será o Natal das forças políticas “tradicionais”.
Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira