"Quem no nosso país calar sobre o que está a acontecer em Angola com estes activistas pela liberdade é cúmplice de um atentado aos direitos humanos, é cúmplice da existência de presos políticos num país com o qual Portugal tem tantas relações”, afirmou Catarina Martins aos jornalistas no parlamento.
A porta-voz do Bloco de Esquerda envergava uma t-shirt branca com o rosto de Luaty Beirão e estava rodeada dos restantes 18 deputados bloquistas que vestiam igualmente t-shirts semelhantes ou que diziam “liberdade já”.
Catarina Martins pediu ainda a liberdade para os restantes 16 activistas angolanos presos e que, segundo a deputada, foram torturados pela polícia.
A porta-voz do BE referiu ainda que além de Luaty Beirão há outros presos em greve de fome cujo “único crime” que cometeram foi “a liberdade de pensamento”.
Com esta iniciativa, o Bloco pretendeu lembrar os presos políticos em Angola e acrescentou que já falou desta situação ao primeiro-ministro e Presidente da República portugueses bem como no Parlamento Europeu.
A Lusa noticiou a 05 de Outubro que o MP angolano acusou 17 jovens da preparação de uma rebelião e de um atentado contra o Presidente da República, prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil que aprendiam num curso de formação.
"Os arguidos planeavam, após a destituição dos órgãos de soberania legitimamente instituídos, formar o que denominaram 'Governo de Salvação Nacional' e elaborar uma 'nova Constituição'", lê-se na acusação, deduzida em Setembro, três meses depois das detenções, à qual a Lusa teve acesso na altura.
Em causa está uma operação policial desencadeada a 20 de Junho de 2015, quando 13 jovens activistas angolanos foram detidos em Luanda, em flagrante delito, durante a sexta reunião semanal de um curso formação de activistas, para promover posteriormente a destituição do actual regime, diz a acusação.
Outros dois jovens foram detidos dias depois e permanecem também em prisão preventiva.
Estão agora todos acusados – entre outros crimes menores – da coautoria material de um crime de actos preparatórios para uma rebelião e para um atentado contra o Presidente da República, no âmbito desse curso de formação que decorria desde maio.
Lusa