Doclisboa. Um filme para cada dia da semana

Doclisboa. Um filme para cada dia da semana


Da estreia mundial do filme sobre os Daft Punk às cassetes desconhecidas de Marlon Brando, de filmes sobre o terrorismo ao documentário sobre a tribo que sobrevive do mar… 


Começa hoje a 13.ª edição do Doclisboa, com 236 filmes de 40 países, 43 deles em estreia mundial. Com estes números, é normal que se sinta perdido a olhar para a programação, mas damos-lhe um documentário para cada dia da semana para que possa reorganizar a sua agenda. Da estreia mundial do filme sobre os Daft Punk às cassetes desconhecidas de Marlon Brando, de filmes sobre o terrorismo ao documentário sobre a tribo que sobrevive do mar… O festival acontece até domingo, 1 de Novembro, em várias salas de cinema de Lisboa.

QUINTA. Bella e Perduta

Na competição internacional de longas-metragens, “Bella e Perduta”, o filme de abertura desta edição do Doclisboa, traça um retrato da Itália perdida e longínqua. De Pietro Marcello, o filme que foi apresentado este ano no Festival de Locarno, e recebido com aplausos, conta a história do criado Polichinelo, enviado desde as entranhas do Vesúvio até à Campânia dos dias que correm para satisfazer o último desejo de Tommaso, um pastor humilde. Polichinelo vai ter de salvar um búfalo chamado Sarchiapone e levá–lo para norte, numa viagem pela Itália mais desconhecida.
Onde: Grande Auditório da Culturgest
Quando: 21h30
Repete: Sábado, 24, no Cinema Ideal

SEXTA. Daft Punk Unchained

Em estreia mundial, “Daft Punk Unchained”, de Hervé Martin--Delpierre, é um dos filmes mais aguardados desta edição do festival, integrado na secção Heart Beat. O filme acompanha o duo mais famoso da electrónica – que até aparece sem capacete. O documentário inclui testemunhos de amigos e colaboradores como Pharrell Williams, Giorgio Moroder, Nile Rodgers ou Michel Gondry. A sessão está reservada a acreditados e não se vendem bilhetes avulso.
Onde: Cinema São Jorge
Quando: 22h30

SÀBADO. Phil Mendrix

Paulo Abreu debruça-se sobre a vida de Filipe Mendes, mais conhecido por Phil Mendrix, um dos melhores guitarristas portugueses, membro de bandas como os Chinchilas, Roxigénio, Psico, Heavy Band, Irmãos Catita e Ena Pá 2000. O filme deste ano foi construído a partir de filmagens feitas entre 1994 e 2013 e é também um retrato do rock em Portugal. Depois do filme haverá uma festa dedicada a Mendrix no novo Maxime, o Maxime Sur Mer, junto ao rio. A festa conta com um concerto do próprio Mendrix e de amigos músicos.
Onde: Cinema São Jorge
Quando: Às 22h30; repete no dia 3 de Novembro, às 21h45
Repete: Quinta, 28, no Cinema Ideal

DOMINGO. Listen to me Marlon

Em estreia europeia, “Listen to Me Marlon”, do britânico Stevan Riley, tem recebido excelentes críticas em publicações como a “Rolling Stone”, a “Variety” ou a “Hollywood Reporter”. Um retrato de Marlon Brandon, “o próprio, nas suas palavras”, escreve a “Rolling Stone”, já que ele é o único interveniente e não há mais entrevistados. O filme constrói-se através de cassetes até agora desconhecidas em que o próprio actor fala sobre o seu trabalho e a fama em “mudanças de pensamento espirituosas e inesperadas, entre a claridade e a escuridão, o humor e a autopsicanálise”, diz a programação do festival.
Onde: Cinema São Jorge
Quando: 16h15
Repete: Domingo, 25, no Cinema Ideal

SEGUNDA. Exit in The Morning

Além de uma homenagem à realizadora belga Chantal Akerman, que morreu este mês, o Doclisboa vai dedicar uma retrospectiva a Želimir Žilnik, de 73 anos, que filmou a desintegração da Jugoslávia. O realizador vai estar no festival para duas masterclasses e serão exibidos vários filmes da sua autoria, como esta curta-metragem “Exit In The Morning”, de 2002. O filme foi rodado na edição desse ano do festival EXIT, sempre ao nascer do sol, quando os concertos estão a acabar. Depois de uma década de recrutamento militar forçado, xenofobia e propaganda, “o festival foi para muitos um país das maravilhas”.
Onde: Cinemateca
Quando: 21h30
Repete: Sábado, 30, na Cinemateca

TERÇA. In Transit

Albert Maysles, Lynn True, Nelson Walker, Ben Wu e David Usui realizaram “In Transit”, fora da competição do festival, e em homenagem ao director de fotografia Albert Maysles. O filme, “recomendado a famílias”, lê-se na programação, passa-se a bordo do Empire Builder, o comboio de longa distância mais movimentado dos EUA, com uma série de conversas.
Onde: Grande Auditório da Culturgest
Quando: 16h30
Repete: Sexta, 30, na Culturgest

QUARTA. Walking Under Water

De Eliza Kubarska, “Walking Under Water”, documentário que esteve em competição em vários festivais pelo mundo fora, conta a história da tribo nómada Badjao, que vive exclusivamente do mar (e no mar, perto de Bornéu). O problema é que a crescente exploração turística da zona, com resorts, expedições de mergulho e a florescente indústria pesqueira, está a tornar a sobrevivência da tribo cada vez mais difícil. O filme acompanha o jovem Sari na sua primeira saída de pesca, o ritual de iniciação ao mundo dos adultos, com o tio. O documentário pretende angariar fundos para a educação de Sari e de outros miúdos. 
Onde: Cinema City do Campo Pequeno
Quando: 16h45

QUINTA. United Red Army

O festival terá também uma retrospectiva dedicada ao terrorismo e ao cinema, “I don’t throw bombs, I make films”, com filmes desde a década de 60 até aos dias de hoje – como este de 2011 “United Red Army (The Young Man Was…, Part 1)”, de Naeem Mohaiemen – a acompanhar várias lutas armadas. O filme é uma história dos movimentos de esquerda e radicais dos anos 70 no Bangladesh.

Onde: Grande Auditório da Culturgest
Quando: 19h30

SEXTA, 30. La Cérémonie

Lina Mannheimer realiza “La Cérémonie”, documentário do ano passado sobre Catherine Robbe-Grillet, a dominatrix mais famosa de França, que por sua vez também constitui uma reflexão sobre o sadomasoquismo e as relações de poder. A actriz Catherine Robbe-Grillet, com 85 anos, cria mise-en-scènes sadomasoquistas no seu castelo em França para a comunidade BDSM, no mesmo sítio onde viveu com o escritor e realizador Alain Robbe-Grillet, outra das referências do filme, que inclui também entrevistas com os participantes nestas cerimónias.
Onde: Cinema City do Campo Pequeno
Quando: 00h30
Repete: Domingo, 1, no Cinema Ideal

SÁBADO, 31. El Botón de Nácar

O filme de encerramento do festival, “El Botón de Nacar”, foi realizado pelo chileno Patricio Guzmán, também autor de “Salvador Allende”, filme sobre o presidente do Chile. O seu último filme, aqui em antestreia nacional, ganhou este ano o prémio de Melhor Argumento no Festival de Cinema de Berlim. “El Botón de Nacar” centra-se na costa chilena, com  4300 km e o maior arquipélago do mundo. “Com vulcões, montanhas e glaciares. Com as vozes dos indígenas da Patagónia, dos primeiros marinheiros ingleses e dos seus prisioneiros políticos. Alguns dizem que a água tem memória. Este filme mostra que também tem voz.”
Onde: Grande Auditório da Culturgest
Quando: 21h30

DOMINGO, 1. Ornette: Made In America

No mesmo dia em que são anunciados os vencedores da competição oficial do festival, vale a pena recordar “Ornette: Made In America”, de Shirley Clarke, documentário sobre Ornette Coleman, saxofonista e inovador compositor de jazz que morreu em Junho deste ano. O filme tem contribuições de nomes como William S. Burroughs, Don Cherry e Robert Palmer, e constrói-se a partir de performances, entrevistas, vídeos de música experimental e imagens de arquivo. “Ornette: Made In America” foi também o último documentário de Shirley Clarke, que morreu em 97.
Onde: Cinema São Jorge
Quando: 19h00
Repete: Fora do festival, no dia 3, às 22h15, no Cinema Ideal