Maccabi Telavive.  Um bicampeão asiático no caminho do Porto

Maccabi Telavive. Um bicampeão asiático no caminho do Porto


Lopetegui a uma vitória de superar a melhor série de sempre no Dragão (Mourinho, 19).


Israel, Israel, Israel. Não, não há aqui nenhum registo. SóSporting, Benfica, Boavista, União de Leiria, Paços,Estoril e Académica. Porto, Porto, Porto. Não, não há aqui nenhum registo.

É isso, Porto vs. Israel não há aqui nem em lado nenhum, é um jogo inédito. O Porto quer aproveitar o factor casa e o embalo do 2-1 ao Chelsea para carimbar outra vitória. A ideia nem é descabida de todo.Sem fase de grupos desde 2004-05, falta punch ao Maccabi.Daí a falta de golos nestes 180 minutos (4-0 em Stamford Bridge, 2-0 doDínamo Kiev em casa). E se a deslocação ao Dragão é uma novidade, a visita ao Porto já não é bem assim.Como?

Em Setembro de 2002 o Maccabi calha com o Boavista na primeira ronda da Taça UEFA. À vitória em Telavive (1-0) segue–se a derrocada no Bessa (bis de Jocivalter e 4-1). Agora, 13 anos depois, outra viagem de 5782 km.Se apanhar a A1, atenção.De carro, 73 horas. A pé, é coisa para demorar um pouco mais de mil horas, através de Alicante e Oran (Argélia). Ah pois, Israel está metido entre a Jordânia e o Egipto, ali entre a Ásia e África. Vai daí, joga na Europa. Nem sempre é assim.

Recuemos aos anos 60. Em 1969 o Maccabi levanta a Taça dos Campeões Asiáticos (1-0 após prolongamento ao Yangzee, da Coreia do Sul).Repetiria o gesto dois anos depois, em 1971, numa final sem futebol. O Aliyat Al-Shorta, do Iraque, falha o evento em Banguecoque por razões políticas.

No início da década 90, a UEFA aceita Israel como país membro e é vê-los, a eles, israelitas, na Europa. Tricampeão nacional em título (a caminho do tetra, sobretudo depois do 2-1 no campo do ex-líder Maccabi Petah Tikva, no sábado), o Maccabi começa esta edição da Liga dos Campeões na 2.a pré-eliminatória. Afasta Hibernians (Malta), Viktoria Plzen (República Checa) e Basileia (Suíça) antes de entrar na fase de grupos.

No plantel o capitão é Zahavi, um artista dos pés à cabeça. Com golos nas botas. É o melhor marcador das eliminatórias europeias, com sete golos em cinco jogos. Martins Indi está atento. “Vi vídeos e sei que é um bom avançado, evito individualizar.” E há Ben Basat, com queda para marcar a Portugal. À selecção nacional. Um golo em Ramat Gan (3-3), outro em Alvalade (1-1), na qualificação para o Mundial-2014.

VINTE

E o Porto? De regresso à lista, o trio da vida airada: Maxi, Marcano e Rúben. Se o lateral é titular assumido, a utilização do central argentino ainda está envolta em mistério.“Marcano está melhor, amanhã decidiremos o onze”, constata Julen Lopetegui. E ao seu lado? Martins Indi. Ao lado de Lopetegui na conferência de imprensa. E também ao lado de Marcano dentro de campo.

Sem Lichnovsky (opção) nem Maicon (lesão), o holandês é o homem indicado para o centro da defesa.Será mesmo? “Prefiro jogar do outro lado, mas jogo em qualquer lugar. Amanhã vamos ver se vou jogar. Vou jogar? Ainda não sabes?”, na direcção de Lopetegui. É só sorrisos. “Darei o meu melhor se jogar. Vou rezar e, se Deus quiser, jogo.” Ai agora Deus é Lopetegui? Bom, o homem tem uma espantosa série de 19 vitórias seguidas no Dragão, tudo misturado entre provas nacionais e internacionais. O recorde é de Mourinho, com 19 (entre o 3-1 do Real Madrid de Figo e o 0-0 vs. Deportivo de Jorge Andrade).

Isto interessa? Não, nunca. “Encara-se este jogo com o Maccabi, que como dizem pode ser o 20.o jogo seguido a vencer, com a mesma ambição com que encarámos o primeiro, segundo, o terceiro jogo desta série. Entramos em todos os jogos com a mesma ambição. Nada muda. Essa série preocupa-me zero.” Dos zero ao 20 em 90 minutos.

Porto-Maccabi, hoje, às 19h45 na RTP1