Um grupo de personalidades das áreas da cultura, das artes e da política lançou uma petição pela intervenção do governo português na libertação de Luaty Beirão, rapper angolano em greve de fome há quase um mês, em protesto contra a sua detenção, com outros 15 jovens angolanos, acusados de rebelião e tentativa de golpe de Estado contra o presidente José Eduardo dos Santos.
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“O cantor e activista político Henrique Luaty Beirão é angolano mas é também um cidadão português ilegalmente detido no estrangeiro”, lembra o texto da petição lançada na tarde desta segunda-feira e que ao início da noite contava já com mais de mil assinaturas.
“Sabemos que está disposto a dar a vida por causas maiores, como a da liberdade e justiça. Também sabemos que a sua morte pode estar próxima, na sequência da sua longa greve de fome”, prosseguem os signatários, que sublinham que, apesar das dificuldades e da complexidade das relações diplomáticas entre Angola e Portugal “é obrigação constitucional, ética e moral do Governo português não permitir que aconteça” porque “nenhum valor pode erguer-se acima da defesa dos direitos humanos. E este é um caso de direitos humanos”.
Entre os primeiros signatários estão Catarina Martins, Rui Tavares, Inês de Medeiros, o escritor Almeida Faria, os filósofos José Gil e Jacques Rancière, os realizadores Pedro Costa, Victor Erice e Gus van Sant, a actriz e realizadora Maria de Medeiros e o actor Joaquim de Almeida.
No texto da petição, em português e em inglês, lê-se ainda que “é imperativo que o governo português tome uma posição e publicamente exija a imediata libertação de Henrique Luaty Beirão” e que comunique a sua posição à CPLP e a toda a comunidade internacional empenhada na defesa dos direitos humanos, rematando: “Portugal não pode persistir como testemunha silenciosa e passiva de um lento assassinato político sem se tornar seu cúmplice.”