Já todos percebemos com quem António Costa quer chegar a acordo. Não vale a pena ter mais ilusões. As coisas são o que são. E António Costa é o que é. O que não significa que o PS seja, no seu todo, assim.
Muito se tem dito sobre o valor do voto dos deputados. E as conclusões são mais ou menos semelhantes. Na maioria das vezes, os guiões partidários e as conveniências de ocasião esmagam a liberdade individual do deputado, impedindo-o de exercer o seu voto de acordo com a sua consciência. Para aqueles que defendem a liberdade individual do deputado no exercício das suas funções, desamarrando-o da clubite partidária, estes são tempos de excepção.
Haverá maior motivo para o exercício dessa liberdade do que a escolha do futuro do país que representam? Obviamente que não! Têm ou não direito os deputados a essa liberdade, ou estão obrigados a seguir um guião com o qual publicamente já discordaram? Claro que têm essa liberdade!
Por isso, nada melhor do que perguntar aos deputados do PS, e são 15, que discordam da linha seguida por António Costa se vão, ou não, meter a sua liberdade na gaveta e actuar de acordo com aritméticas de sobrevivência política pessoal. Estarão disponíveis, na hora em que forem chamados a decidir, para agir de acordo com o que têm publicamente defendido ou é mesmo só conversa?
Vão esses deputados juntar-se e, em nome do PS moderado com 40 anos de história, negociar um Orçamento e dar posse a um governo de partidos que ganharam as eleições, ou vão sentar-se na fila de trás do parlamento como se nada fosse com eles?
Sempre que fui chamado no parlamento a exercer o meu voto de acordo com a minha consciência, fi-lo. Sem medo das represálias que alguns, certamente preocupados, me vaticinaram. Que farão os meus colegas?
Deputado Escreve à segunda-feira