Que contas se fazem?
Sozinho, o PS tem 86 deputados, menos 21 do que a coligação PSD/CDS. Para formar um governo estável(entenda-se: um governo com maioria para poder fazer passar no parlamento os principais instrumentos para a governação), os socialistas precisam de somar não só os 19 deputados do BE, como também os 17 do PCP, para chegar aos 122 parlamentares.
Consegue segurar a liderança do partido?
Ser governo – mesmo que seja com a esquerda, coisa muito atacada dentro do partido – costuma ser uma cola razoavelmente forte até para as piores fracturas políticas. Mas se Costa falhar o objectivo a que se propôs depois das eleições, também não deitará um governo PSD/CDS abaixo. Nesse caso dificilmente resistirá a frente do PS.
Como vai o partido reagir ao que vier?
Só o cenário de uma solução à esquerda foi logo criticado dentro do partido desde a primeira hora e provocou até uma baixa na direcção de Costa. Sérgio Sousa Pinto saiu por discordar da estratégia que considerou “suicidária”. O assunto fez aumentar a lista de críticos internos de Costa a somar aos antigos, os seguristas que continuam (e vão continuar) a pedir a sua cabeça e a bater na tecla da ilegitimidade.
Quem pode seguir-se?
Ocongresso do partido será depois das presidenciais e António Costa só não contará com desafiadores à altura se conseguir ser governo. Se falhar nesta ambição, há um candidato certo: Francisco Assis. O eurodeputado já disse que será candidato à liderança “em circunstâncias excepcionais”. Resta saber se haverá confronto com Costa ou se, depois de um falhanço negocial, o líder actual não se demite.
COLIGAÇÃO
Que contas se fazem?
PSD/CDS elegeram 107 deputados. Ficaram a nove mandatos dos 116 deputados para uma maioria absoluta. Afastada a possibilidade de entendimento com PCP, BE, PEV ou PAN, a única hipótese é ter o PS ao lado para aprovar o Orçamento e programa de governo. O acordo é pouco provável. Mas há 15 socialistas que não seguem a linha de Costa. Irão abster-se na votação do Orçamento ou da moção de rejeição ao programa de governo?
Consegue segurar a liderança do partido?
As lideranças de Passos e de Portas, no PSD e noCDS, respectivamente, não dependem da solução que for encontrada para resolver o impasse político. Aliás, nada aponta para que os líderes não se apresentem de novo a votos numas muito prováveis eleições antecipadas. Só se o PS for eleito para formar governo é que a discussão será aberta.
Como vai o partido reagir ao que vier?
Passos e Portas foram reeleitos depois de crises na coligação, de muita austeridade e de alguma recuperação económica. PSD e CDS estão unidos à volta dos seus líderes. Mesmo que o governo venha a cair no início do mandato, as culpas serão atribuídas oposição. Depois é esperar pelo novo Presidente da República, malhar no PS e esperar pela reeleição.
Quem pode seguir-se?
No caso do PSD, Rui Rio é apontado como o candidato a sucessor de Passos. Mas também há quem fale em Luís Montenegro ou Marco António Costa. No CDS, Assunção Cristas parece a preferida para suceder a Portas.Mota Soares, Nuno Melo, João Almeida seguem na lista. Mas como em equipa vencedora não se mexe, para já tudo muito calmo nos bastidores.