The Cru. É tão saudável que nem parece fast food

The Cru. É tão saudável que nem parece fast food


Aqui não entra açúcar, lactose ou glúten. Alimentos processados também ficam à porta. Apesar das aparentes restrições,  The Cru tem portas abertas à comida com sabor.


Na televisão, temos adolescentes obesos a tentar perder os vários quilos que têm em excesso. Nas livrarias, os tops de vendas habitualmente encabeçados por romances de Nicholas Sparks passaram a estar preenchidos com manuais de fitness e guias para uma mudança na alimentação. A vida saudável está em todo o lado e não há como escapar. Nem mesmo no shopping, o habitual oásis do fast food mais gorduroso. Agora, no meio dos hambúrgueres, pizzas e gelados, há um placard de madeira que não deixa espaço para dúvidas: organic, raw & healthy food. 

The Cru abriu no Oeiras Parque depois de um início de vida itinerante. Ainda como The Wrepe Van, começou em Julho a percorrer os principais eventos de Lisboa e arredores, com uma adesão do público que apanhou todos de surpresa. “Pensávamos que estávamos a trabalhar para um nicho de mercado, mas percebemos que a preocupação com o que se come é agora transversal a idades e sexos”, explica Pedro Coelho, um dos cinco sócios do projecto. Foi a alimentação saudável adoptada há vários anos por três dos sócios que levou a que a ideia passasse do papel para uma loja física. “A queixa de quem prefere comida biológica é sempre a mesma: não há onde comer saudável fora de casa”, resume o responsável. 

Além de agora terem um sítio para jantar quando se juntam a tratar dos negócios, os cinco amigos abriram o primeiro espaço em Portugal que junta quatro conceitos, para eles essenciais: comida totalmente biológica, sem glúten, sem lactose e sem açúcares adicionados. “Daí o nome The Cru”, acrescenta Pedro. “É o regresso às origens, o regresso aos verdadeiros sabores.”

O menu À hora de almoço, a fila já vai longa e as duas funcionárias dedicadas aos wrepes – não é um erro ortográfico, é mesmo a junção de crepe e wrap – vão–se dividindo entre as três opções: base de arroz, espinafres ou beterraba. Para o recheio são poucos os limites e para os que querem fugir ao habitual frango e camarão há opções como chili, legumes assados ou hummus. Nas saladas, as opções também fogem ao tradicional. Se nunca ouviu falar em millet, quinoa vermelha ou lentilhas castanhas, está na hora de abrir horizontes.

A hora da sobremesa é o teste final a quem quer servir doces com uma cozinha na qual o açúcar é tão temido como uma visita da ASAE. Mesmo assim, as opções são doces e variam entre o brownie e o pudim de chia. Para ajudar a empurrar tantos superalimentos, há uma lista de sumos que parece que começam a fornecer nutrientes só de se ler os nomes na tabela: se escolher o “fortalece os ossos”, conte com uma dose extra de linhaça, sala, maçã e erva-trigo; se preferir o “mais memória”, vão apresentar–lhe um copo cheio de beterraba, maca, banana, cacau cru e chia.

Depois de uma overdose de vida saudável servida em tabuleiros, pensamos ter de ir ao quiosque do lado para um shot de cafeína, esse elemento poluidor. Mas isso foi antes de olhar para o fim do menu. Há café mas, claro, biológico.