Presidente do sindicato de quadros bancários defende-se de “gestão ruinosa”

Presidente do sindicato de quadros bancários defende-se de “gestão ruinosa”


“São totalmente falsas” as acusações de gestão danosa e desvio de dinheiro dos cofres do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), disse a direcção daquele organismo em comunicado.


A direcção do SNQTB acrescenta ainda que as denúncias “não são por acaso” e surgem “num momento em que se avizinham a data das eleições para os corpos sociais.

E, como que para provar o que diz, a direcção apresenta números: o sindicato tem 17500 sócios, que correspondem a 50 mil beneficiários do SAMS/Quadros. No ano passado, “teve receitas totais de mais de 50 milhões de euros e um resultado líquido de gestão de mais de 2,4 milhões de euros”, contas que “tiveram o parecer favorável do conselho fiscal e foram aprovadas pelo conselho geral” e “são auditadas por entidade externa e independente”.

Um grupo de associados do SNQTB tem estado a recolher assinaturas para pedir a destituição da actual direcção, liderada por Afonso Diz, a quem acusam de “gestão ruinosa”. O objectivo é convocar uma assembleia geral extraordinária, afastar esta direcção, nomear uma comissão administrativa e convocar novas eleições, no prazo de 60 dias, de acordo com informações prestadas à Lusa por um dos sócios fundadores, Armando Lázaro.

O responsável diz que, nos últimos anos, Afonso Diz tem vindo a tomar decisões “sem conhecimento dos associados”. Afonso Diz, presidente do há mais de 20 anos, responde agora, dizendo que se trata de acusações infundadas e uma guerra pelo poder.

“É legítima e desejável a participação dos sócios na vida do sindicato, assim como a participação de várias listas nas eleições. O que já não é legítimo é que em nome de uma ambição desmedida ou de desejos de vingança por derrotas eleitorais passadas, alguns sócios procurem denegrir o bom-nome da direcção”, responde Afonso Diz.

O responsável acrescenta que “não houve quaisquer desvios de fundos”. Na origem de tudo estará a constituição da Fundação Social do Quadro Bancário (FSQB), em 2003, com a aprovação do conselho geral. Em 2007 foi alvo de uma acção judicial por parte do Ministério Público, “com vista à declaração de nulidade do acto de constituição da FSQB, o que veio a acontecer em 2009.

Essa decisão judicial teve como fundamento o entendimento de que “um sindicato é um meio de obter solidariedade social em matéria laboral dos seus associados, pelo que não pode constituir uma fundação que tenha como objectivo a prestação de serviços não apenas aos seus associados, mas também a terceiros“.

Afonso Diz afirma que depois os estatutos da fundação foram alterados e, “de inteira boa-fé e plenamente convicta da regularidade da sua situação, a FSQB continuou a cumprir com as suas obrigações legais e, bem assim, a desenvolver os projectos sociais que se encontravam já em curso”.

Dessa actividade, diz ainda o responsável, “resultou relevante património imobiliário, que visa servir os sócios do sindicato e seus familiares”. Actualmente estão em curso as medidas legais para reincorporar este património no SNQTB.

De acordo com informações que vieram a público, a tensão entre associados não é de agora, com os sócios a queixarem-se de falta de informação e decisões pouco transparentes e até duvidosas, como a contratação de familiares próximos do presidente da direcção. 

Em Junho, o Correio da Manhã escrevia que Afonso Diz propôs – e foi aceite -, o aumento do seu salário de sete para 12 mil euros, já em 2013. Um mês depois, a RTP noticiava que o DIAP – Departamento de Investigação e Acção Penal estava a investigar aplicações de alto risco feitas no antigo BES e em empresas do grupo Espírito Santo, com perdas significativas para o sindicato, um dos mais ricos do país. Em Setembro, foi a vez de o jornal i avançar que, em 2010, a Caixa Geral de Depósitos deu um empréstimo de 11,5 milhões de euros à Fundação Social do Quadro Bancário, já depois de esta ter sido considerada nula.