Vigília em Lisboa por Luaty Beirão e os jovens presos em Luanda

Vigília em Lisboa por Luaty Beirão e os jovens presos em Luanda


Os manifestantes começaram a marcha junto à sede da Comissão Europeia, pedindo a Luanda que liberte os jovens.


Pouco passava da 17 horas e já centenas de pessoas estavam reunidas em frente ao Centro Europeu Jean Monnet em Lisboa para participar na vigília organizada pela Delegação Portuguesa da Amnistia Internacional com o tema “Liberdade para os presos políticos de Angola”. Mesmo antes do início da manifestação e enquanto eram distribuídos cartazes com fotografias e frases fortes, já os presentes gritavam pelo fim do regime angolano e pela liberdade dos vários presos políticos. Pessoas dos oito aos oitenta e de várias nacionalidades esperavam ontem que as suas vozes fossem ouvidas em Angola.

Teresa Pina, directora-executiva da Delegação Portuguesa da Amnistia Internacional, disse ao i que esta vigília teve como principal objectivo “mostrar uma mensagem de solidariedade em relação aos activistas detidos” uma vez que a constituição angolana não “prevê que as pessoas possam ser perseguidas, mal tratadas e silenciadas apenas por discutirem questões de natureza política. A directora-executiva da delegação garante que, enquanto não forem conseguidos resultados, este tipo de manifestações vão continuar a acontecer. “Fazemos isto há mais de 50 anos e continuaremos a fazer até que haja um desfecho positivo”, concluiu.

“Ninguém deve ser preso por mostrar a sua opinião e lutar pelo que é correcto”, disse ao i uma jovem presente, que energeticamente apoia esta causa.

“Luaty Beirão juntos contra a repressão”. Foi esta a frase que mais se fez ouvir ao longo de toda a Avenida da Liberdade. Centenas de pessoas que desciam a avenida, agitavam cartazes e gritavam por liberdade. 
Luaty Beirão está preso em Angola por ser acusado pelo regime de José Eduardo dos Santos de tentar preparar um golpe de estado contra o presidente. Está em greve de fome pelos seus direitos há 24 dias. 
Serena Mancini, irmã de Luaty Beirão, mostrou-se preocupada com o estado do irmão. “Está muito fraco e com dificuldades na fala e mal consegue aguentar-se em pé”. Apesar de ontem ter perdido a consciência devido à fraqueza, Luaty não desiste da sua luta e continua “determinado na sua causa”. 

Teresa Pina também mencionou o nome de Luaty e advertiu que esta vigília foi também para ele. “Luaty está em greve de fome e para que o seu estado de saúde não se agrave é necessário que sejam prestados todos os cuidados que necessita. Queremos principalmente renovar este apelo junto das autoridades angolanas”, disse.
A multidão que se reuniu para lutar também por esta causa, é para Serena, uma boa forma para conseguir que “o governo angolano tome uma atitude”.

Pela Avenida da Liberdade foram várias as pessoas que se juntaram à causa e também elas gritavam pela liberdade de expressão política em Angola. 

O facto de existirem acções de solidariedade como esta, deixa vários dos presentes mais descansados e optimistas em relação aos resultados que esperam ser positivos. “Eu acho que já está a surtir efeito. Hoje com os media e as tecnologias, as coisas propagam-se rapidamente”, disse ao i um presente que diz ser adepto de causas justas.

Na chegada ao Rossio, em Lisboa, a revolta que tão bem descreveu a descida da Avenida da Liberdade foi transformada em animação. Bombos, tambores, saxofones e várias danças e cantorias fizeram animar os presentes. E foram vários os olhares curiosos que se quiseram juntar.
A esperança de que esta mensagem chegue a Angola moveu todas estas pessoas por uma causa.