Crédito à economia em mínimos de 2003, valor do malparado bate recorde

Crédito à economia em mínimos de 2003, valor do malparado bate recorde


Dados do Banco de Portugal indicam que o dinheiro emprestado pelos bancos às empresas e famílias em Agosto foi o mais baixo desde 2003


O dinheiro que a banca emprestaram às empresas e às famílias  em Agosto foi o mais baixo desde que o Banco de Portugal (BdP) começou a publicar estes dados no início de 2003.

De acordo com as estatísticas ontem divulgadas pelo BdP, as instituições bancárias concederam 2,049 mil milhões de euros às sociedades não financeiras em Agosto, o que representa uma diminuição de 1,495 mil milhões de euros em relação a Julho, invertendo assim a tendência registada nos três meses anteriores. Odado mais relevante é, no entanto, o facto de este ter sido o montante mais baixo desde que o banco central iniciou a publicação deste tipo de dados em 2003.

O crédito às famílias (696 milhões de euros) também registou um decréscimo em Agosto. A maior quebra ocorreu no crédito à habitação. Os 322 milhões de euros concedidos representam menos 400 milhões do que o verificado em Julho. Os 250 milhões de crédito ao consumo em Agosto traduzem uma diminuição de 26 milhões face ao mês anterior.

Novo recorde no Malparado 
O crédito malparado das famílias e das empresas subiu em Agosto, ultrapassando a barreira dos 19 000 milhões de euros, um novo recorde. De acordo com os dados do BdP, o valor total de empréstimos concedidos pela banca tanto às famílias como às empresas ascendia a 205.485 milhões de euros em Agosto, dos quais 19 098 milhões de euros (9,29%) são considerados crédito de cobrança duvidosa. Em Julho, o crédito malparado das famílias e das empresas ascendia a 18 829 milhões de euros (9,15% do total).

Este resultado deveu-se ao aumento de 2% do valor do crédito de cobrança duvidosa das empresas, que passou dos 13 467 milhões de euros em Julho para os 13 736 milhões em Agosto. A percentagem de crédito malparado nas empresas passou de 15,9% para 16,3% no período em análise, o que representa também um máximo histórico. Os empréstimos concedidos atingiram os 84 340 milhões de euros, um montante inferior ao registado em Julho, quando estes créditos somaram os 84 577 milhões.

Considerando apenas os créditos atribuídos às famílias, estes totalizavam 121 145 milhões de euros em Agosto, dos quais 5 362 milhões de euros (4,42%) correspondem a crédito malparado. Os dados do BdP apontam para uma ligeira diminuição do crédito de cobrança duvidosa nas famílias, uma vez que o montante total em Julho totalizava 5 386 milhões de euros (4,434% do total concedido).

Dos empréstimos a particulares, 99 517 milhões de euros correspondiam a créditos à habitação, dos quais 2,56%, ou seja, 2.554 milhões eram de cobrança duvidosa, representando um ligeiro aumento face a Julho.
O montante emprestado pela banca para consumo das famílias atingiu 11 946 milhões de euros no final de Agosto, dos quais 10,63%, ou seja, 1 271 milhões de euros correspondiam a crédito malparado, o que traduz uma ligeira diminuição face ao mês anterior.

Os dados do Banco de Portugal indicam ainda que os depósitos das famílias atingiram os 136 759 milhões de euros em Agosto, menos 0,78% do que no mês anterior, enquanto os depósitos das empresas aumentaram 1,24% para os 30.372 milhões de euros neste período. Em termos homólogos, e no caso dos depósitos dos particulares, os depósitos das famílias correspondem a um aumento de 2,2% em relação a Agosto de 2014. Já no caso das empresas, os depósitos ascenderam a 30 372 milhões de euros em Agosto, um aumento de 1,24% face ao mês anterior e de 3,1% se comparado com o mesmo mês do ano passado.