Queda do preço do petróleo obriga empresas a cortar investimentos

Queda do preço do petróleo obriga empresas a cortar investimentos


Analistas divididos sobre a evolução do preço da matéria--prima. Há quem diga que valor mais baixo dá maior retorno


As maiores petrolíferas mundiais precisam de cortar 1,5 biliões de dólares nos novos projectos e vão ter de reduzir entre 20 e 30% na despesa em novos investimentos para suportar a queda das receitas motivada pela descida do preço desta matéria-prima. A conclusão é de um estudo da consultora Wood Mackenzie.

De acordo com o mesmo, a indústria petrolífera tem de baixar os custos e aumentar a rentabilidade das explorações de petróleo, cujo preço desceu mais de metade desde Junho do ano passado, colocando as economias dos países produtores em dificuldades para equilibrar os orçamentos e obrigando as grandes petrolíferas a elaborarem planos de contingência para responder à descida das receitas.

Em Agosto, o preço de referência do crude em Londres e Nova Iorque caiu para mínimos de seis anos e os preços mais baixos estão a ter um impacto significativo na aceleração do crescimento da produção.

Face a esta nova realidade, as empresas são obrigadas a apresentar soluções mais criativas e isso inclui medidas como colocar cães a farejar fugas de gás em vez de desmontar o equipamento camada por camada, ou partilhar helicópteros com as empresas concorrentes, ou até mesmo fazer os navios fornecedores andarem mais devagar para poupar no combustível.

O objectivo principal das companhias é simples: transferir os cortes para os fornecedores e reduzir as ineficiências, tentando ao máximo não fazer cortes nos dividendos aos accionistas, os primeiros responsáveis pela manutenção das administrações nas empresas.

Mas nem tudo são más notícias. O vice-presidente da consultora energética IHS considera que o petróleo barato aumenta o retorno financeiro para os accionistas das petrolíferas, porque as empresas focam-se na eficiência em vez de no aumento da produção. E dá exemplos: o retorno médio sobre o capital investido nas maiores petrolíferas europeias e norte-americanas caiu de 21% em 2000 para 11% em 2013, apesar de o preço de referência para o barril de crude ter aumentado de 29 para 109 dólares nesse período, porque a subida dos custos mais do que anulou o aumento das receitas. “Posso garantir que é muito mais fácil mobilizar a empresa para a mudança quando o barril está nos 50 dólares do que quando estava nos 110 dólares”, revela.

Evolução do preço O que é certo é que a evolução do preço do petróleo e das matérias-primas está a dividir os analistas. O chefe deste departamento no Citigroup acredita que o preço ainda vai descer mais, enquanto a Pimco antevê uma subida. “Penso que ainda não batemos no fundo porque continuamos a ver uma deflação de custos consistente”, disse o chefe do departamento de pesquisa sobre matérias-primas, Ed Morse.

Já os vice-presidentes da Pimco Greg Sharenow e Nic Johnson afirmam que “o declínio no preço das matérias-primas está basicamente terminado”.

Petróleo em Portugal Nos últimos meses temos vindo a assistir a anúncios de vários consórcios que vão explorar petróleo em território nacional. Repsol, Galp Energia, Eni, Partex, Kosmos Energy, Australis Oil & Gas e Portfuel são as empresas de energia a que, sozinhas ou em consórcios, foram concessionadas um total de 15 áreas, tanto deep offshore (zona imersa profunda) como onshore (zona emersa), por parte da Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENMC). Estas explorações estão a ser feitas na bacia do Algarve e na bacia do Alentejo.

Apesar de ainda não existirem conclusões em relação a estas explorações, a verdade é que existem vários estudos e análises que apontam para a existência de reservas de hidrocarbonetos; por outro lado, é ainda totalmente desconhecida a quantidade e as condições dessas reservas. Há mesmo quem diga que o nosso país beneficia de características semelhantes às do Canadá, país que explora e produz petróleo.