A RTP2 teve recentemente no ar a série “Borgen”. que conta os bastidores dos dias do poder numa democracia tradicional desta nossa velha Europa.
Os jogos políticos, as negociações para a formação de governos na Dinamarca, como se constroem e destroem coligações levando ao cargo de primeiro-ministro o líder do partido que efectivamente apresenta a solução maioritária no parlamento. Em Portugal estamos muito longe destas “tradições” que obrigam os partidos a encontrarem plataformas de entendimento e um programa de governo que permita manter o crescimento da economia, respeitando a base dos compromissos eleitorais de todos. Seguir esta série é uma interessante aula de democracia, percebendo também o que de sinistro poderá existir no campo das pressões e negociações. Agora, ao domingo na RTP2, voltamos a ter a série “Os Influentes”, que descreve os bastidores do poder em França e o que se faz na política para manter um lugar e proteger os amigos e a clientela que cresce à volta de cada candidato.
São duas séries de ficção, com impressionantes pontos de contacto com a realidade, que nos ajudam a pensar e a decidir. Vivemos os tempos de negociação, de jogos de sombras e fantasmas, depois de umas eleições em que quase metade dos portugueses optaram por ficar em casa, deixando os outros decidir. O parlamento deveria ser a casa desse entendimento, sem pressões e traumas, olhando para os verdadeiros interesses de um país que viveu asfixiado com a austeridade dos últimos quatros anos e que ainda tem muitas dificuldades em sonhar com melhores dias. Ouvimos repetidamente a afirmação de que todos estão empenhados no interesse do país, mas o que será realmente este interesse que move as alianças e coligações sem um diálogo aberto, que respeite pelo menos os poucos que ainda se dignam a votar e a apontar um rumo para o país?
Jornalista RTP
Coordenador “Jornal 2” – RTP2
Escreve à sexta-feira