O mundo de JoãoBénard da Costa (1935-2009) é tão fascinante, mesmo à distância, que conhecê-lo teria sido uma sorte que só agora muitos vão descobrir não ter tido.Que assim seja.
A história do “mais vale tarde que nunca” é válida também nestas situações, quando o legado demora mas, ainda assim, não falha.
Missas da Lisboa velha, as pinturas decoradas pelos nomes, como tinha de ser, e os castigos que os pais impunham graças aos pecados do garoto; o fascínio entre luz e sombra, entre contrastes e movimentos; o Tivoli e o Politeama; os filmes, as estrelas, as mulheres e os homens safados.
Manuel Mozos assina uma obra simplista para homenagear o único protagonista que quis trazer para o filme. É uma vénia constante, procurando recolocar entre os que vêem o filme alguém que já cá não está. Sempre com a preocupação maior de colocar Bénard da Costa num lugar onde até hoje nunca chegou nenhum substituto.
Ao mesmo tempo, é também por isso que o filme vai deixar muitos à espera de um objecto cinematográfico que não este, talvez mais dinâmico, provavelmente mais cativante, como outros documentários–espectáculo são.
E não vai a todas as dimensões de um homem que foi director da Cinemateca, actor, historiador ou crítico, mas que terá sempre mais momentos que ficam por recordar.
“João Bénard da Costa — Outros amarão as coisas que eu amei”
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De Manuel Mozos