Sampaio da Nóvoa admite desistir da corrida a Belém

Sampaio da Nóvoa admite desistir da corrida a Belém


Marcelo formaliza depois da formação do governo. Se Rio avançar haverá liberdade de voto. Astral de Sampaio da Nóvoa em baixo.


O ambiente é de depressão total na candidatura presidencial de António Sampaio da Nóvoa. Segundo o i apurou junto de fontes próximas do ex-reitor, Sampaio da Nóvoa já está a admitir atirar a toalha ao chão e retirar-se da corrida a Belém. Razões: já não pode contar com o apoio oficial do PS, dividido entre Nóvoa e Maria de Belém, e as sondagens que estão longe de ser animadoras. Com o PS derrotado nas legislativas, o reitor honorário da Universidade de Lisboa teme uma pesada derrota em Janeiro se insistir na candidatura. A decisão ainda não está fechada, mas a desistência tem apoios de peso, soube o i. Um dos ex-Presidentes da República que apareceu publicamente a apoiar Nóvoa, Jorge Sampaio, admite que a desistência possa ser a melhor saída neste momento.

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As condições políticas que o levaram a avançar  – ter o apoio do PS e dos outros partidos de esquerda – ficaram comprometidas com a impossibilidade de um apoio oficial do PS. Bloco de Esquerda e PCP ainda não se pronunciaram, embora o PCP já tenha admitido indirectamente o apoio a Nóvoa, quando Jerónimo afirmou disponibilidade para apoiar uma candidatura exterior ao partido. 

Mas, até ver, Sampaio da Nóvoa tem apenas o apoio do Livre, o partido liderado por Rui Tavares que não chegou a eleger nenhum deputado nas eleições de domingo.

Sampaio da Nóvoa, que suspendeu a campanha por causa das legislativas, não a voltou a retomar. Participou nas cerimónias do 5 de Outubro, mas não fez qualquer declaração. Até à hora de fecho desta edição, não havia agenda do candidato para os próximos dias. 

Antes de avançar, Sampaio da Nóvoa tinha um pré-acordo com a direcção do PS para que viesse a dar apoio à sua candidatura. E isso esteve mesmo para acontecer mas num primeiro momento, segundo soube o i junto de fontes próximas da direcção socialista, foi o próprio Sampaio da Nóvoa a recusar para poder surgir como candidato independente e não conotado com os partidos. Entretanto, tudo se precipitou: a candidatura de Nóvoa, apesar de apoiada por Mário Soares, Jorge Sampaio e um grande número de notáveis socialistas, causou grandes divisões dentro do PS. Seguristas e não seguristas começaram a incentivar a candidatura de Maria de Belém, a ex-presidente do PS que na última sondagem está à frente de Sampaio da Nóvoa. Belém avançou e hoje o mais provável é o PS optar pela liberdade de voto.

Passos trava Rio O novo acordo de coligação mudou relativamente a questão das presidenciais – a nova formulação está escrita de forma a permitir a liberdade de voto dos militantes do PSD e CDS. No Conselho Nacional de ontem, o próprio Passos Coelho empenhou-se em explicar que a mudança ia no sentido de “despartidarizar a eleição presidencial”. Portanto, havendo mais do que um candidato da área PSD/CDS, os partidos da coligação darão liberdade de voto. Mas Miguel Relvas, também omitindo qualquer nome, disse que o PSD tinha um “candidato natural”. 

O que significa isto? Se Rui Rio continuava a sonhar com o apoio formal do PSD para ser candidato perdeu-o ontem. Como o i avançou, Passos Coelho já se convenceu que de que o partido vai apoiar maciçamente Marcelo, o candidato mais bem colocado nas sondagens – assim sendo, o líder do PSD não ficará de fora. Depois de anunciar a candidatura informalmente na TVI, Marcelo deverá fazer a declaração formal de candidatura no fim do mês – depois de concluídos os trâmites para a formação do governo.