Carolina Beatriz Ângelo
Foi através das publicações da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres (CIDM), depois Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), que conheci o pensamento e a acção de algumas feministas republicanas.
Uma descoberta que não teve lugar no meu percurso escolar… Mulheres notáveis, comprometidas, que confiaram na República para a conquista dos seus direitos civis, políticos e sociais. Reivindicaram o direito ao sufrágio, ao exercício da cidadania, à educação, ao salário igual para trabalho igual, à melhoria das condições de vida, à protecção da maternidade e à sua própria autonomia…
Mulheres que se organizaram colectivamente para alterar a “situação deprimente” de subalternidade em que as portuguesas viviam. Foram estas as palavras então proferidas por Carolina Beatriz Ângelo.
Adelaide Cabete, Ana de Castro Osório e Maria Veleda são outros nomes que continuamos a guardar nos livros que tratam esse período da história. Há muitos outros, note–se, que permanecem esquecidos.
A I República defraudou alguns dos seus ideais mais firmes. Após o voto pioneiro de Carolina Beatriz Ângelo em 1911 – cujo estatuto se ajustava à lei por ser viúva e chefe de família –, logo a lei “clarificaria” que o direito ao voto incumbia apenas aos “chefes de família do sexo masculino”.
Como referido por Anne Cova (ICS) também numa publicação da CIG, as mulheres viriam a persistir na luta pela igualdade efectiva de direitos, por uma sociedade republicana e democrática onde fossem reconhecidas como “cidadãs”. E à igualdade aspiramos ainda hoje, 105 anos depois.
Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – U. Lisboa
Escreve à quarta-feira