Steve Coogan. Drogas, Alan Partridge e confissões

Steve Coogan. Drogas, Alan Partridge e confissões


“Easily Distracted”, a autobiografia do actor, chega às lojas britânicas na quinta-feira.


Steve Coogan já estava habituado a isto das autobiografias. Em 2011 lançava “I, Partridge: We Need To Talk About Alan”, uma biografia ficcionada, bestseller quase imediato, sobre o seu personagem mais famoso, o apresentador Alan Partridge, que quase se confunde consigo próprio. Não que tenham muito a ver. Talvez por isso, e para evitar confusões, o actor britânico tenha estado ocupado nos últimos tempos a escrever as suas próprias memórias e a contar as coisas à sua maneira.

“O meu armário está vazio de esqueletos”, sublinhava há uns tempos numa entrevista quando anunciou que ia escrever o livro, já que grande parte da sua vida privada sempre esteve exposta nas capas dos tablóides britânicos. 

Em 92, e depois de consumir cocaína durante a noite toda, o actor achou que ia morrer

Foi precisamente em 2011, na altura do lançamento da biografia de Partridge, que o nome do actor, actualmente com 49 anos, era um dos principais envolvidos na polémica de escutas do extinto “News Of The World”, de Rupert Murdoch, o que o levava a acusar os media ingleses de serem “uma máfia”.

Em causa estava, entre muitas outras coisas, uma reportagem de 2007 do “Daily Mail” que o acusava de consumir drogas com o actor Owen Wilson e que o culpava pela sua tentativa de suicídio. Citava ainda Courtney Love, com quem Coogan teve um caso, e que também o acusava de ser uma “má influência”.

Se tudo isto, e com indemnizações à mistura, já seriam bons ingredientes para cozinhar uma biografia, não são precisas mais escutas nem diz-que-disse porque é o próprio a contar estas e outras histórias.

“Easily Distracted”, a autobiografia do actor, chega às lojas na quinta-feira, mas já começou a dar que falar assim que o “Guardian” publicou um excerto do livro.

O “Daily Mail”, claro, foi um dos jornais que se chegou à frente para contar como Coogan confessava os seus pecados e falava sobre o seu complicado passado de drogas, sobre a reabilitação, Courtney Love e tudo o que andou a tentar descobrir durante estes anos todos.

Foi no Verão de 1992, depois de uma noite inteira a consumir cocaína no festival de Edimburgo, que o actor achou que estava a ter um ataque cardíaco, confessa o próprio. “Nunca comprei [cocaína], as pessoas é que me davam e eu continuei a aceitar”, conta no excerto do livro publicado no “Guardian”. Quando começou a sentir-se mal, um amigo levou–o para o hospital de carro. “Fui o caminho todo a chorar. Não conseguia parar de pensar: ‘Vou morrer. Não há volta a dar. A minha lápide vai dizer: Stephen Coogan, nascido em Middleton em 1965, morreu em Edimburgo em 1992, aos 26 anos.’ Que desperdício!”

Afinal, era só o primeiro de muitos ataques de pânico e sinais da depressão que estava para vir. O actor, que apesar de ter deixado o álcool e as drogas ainda se considera “um viciado em recuperação”, revela que demorou algum tempo a reconhecer o seu problema e a procurar ajuda. “Paguei a reabilitação de várias pessoas enquanto ainda estava a abusar de drogas. Gastei milhares de libras no vício dos outros, mas ainda levei muito tempo a enfrentar o meu”, conta. 

No livro, o actor fala também sobre como surgiu o seu personagem mais famoso, Alan Partridge, que nasceu durante o programa “On The Hour”, da BBC Radio 4. “Serei tão incompetente, narcisista e socialmente inapto como o Partridge? Às vezes. Mas não somos todos?”

“Easily Distracted”, editado pela Cornerstone, pode ser encomendado em BookDepository.com e custa 25,60 euros.