© Mario Cruz/Lusa
Ontem – amanhã, considerando o dia em que escrevo – terei madrugado em mais um dia de eleições, numa assembleia de voto, dando o meu contributo de cidadania para que o acto eleitoral decorra dentro da normalidade.
Doravante, terminarei o exercício de futurologia. Não quero arriscar risota semelhante à proporcionada por Correia de Campos quando no dia seguinte às eleições europeias publicava uma análise política doutoral a partir de uma vitória do PS e de Seguro que não veio a acontecer.
Hoje comemora-se a Implantação da República e que me lembre, pela primeira vez, as cerimónias decorrerão sem a presença do Presidente da República. No dia seguinte a Cavaco Silva anunciar aos jornalistas que sabia perfeitamente o que fazer com o resultado das eleições – naqueles seus modos sobranceiros como se já soubesse o resultado –, fonte oficial informou o país que o Presidente da República não participaria nas comemorações oficiais do 5 de Outubro por ter de se “concentrar na reflexão sobre as decisões que terá de tomar”.
Cai por terra o último mito das qualidades de Cavaco Silva: o de ser um zeloso institucionalista. A data das eleições é da exclusiva responsabilidade do Presidente da República. Se julgava ser incompatível com as comemorações anuais da República então devia ter escolhido outra data.
Neste dia ainda é importante lembrar que, se das eleições não tiver resultado uma maioria parlamentar que permita constituir um governo, a culpa do impasse que fará com que não se possa ir a votos novamente nos próximos meses não é de partidos nem de eleitores mas, exclusivamente, de quem decidiu não antecipar as eleições para Julho, ou seja, Cavaco Silva.
Escreve à segunda-feira