O clássico entre Porto e Belenenses é como regressar ao ponto de partida. Àquele 20 de Janeiro de 1935 em que a liga dá os primeiros passos. A primeira jornada reúne oito clubes e o sorteio dá Benfica-Vitória de Setúbal, Ac. Porto-U. Lisboa, Académica-Sporting e, lá está, Belenenses-Porto.
Oitenta-anos-e-picos-depois, aí está um dos clássicos do nosso contentamento. Porto de um lado, Belenenses do outro.Dois históricos, já campeões nacionais. Entre eles, há muitas mais parecenças ainda. Um exemplo? Tanto um como outro vem de jornadas europeias (2-1 ao Chelsea noDragão, 4-0 da Fiorentina no Restelo). Outro exemplo? Tanto um como outro têm umRúben (Neves, Pinto) e umAndré (André, Sousa). Só mais, é isso? Vamos lá: tanto um como outro, jogam com as camisolas 12 (Iker, Kuka), 2 (Maxi, JoãoAmorim), 4 (Maicon, Tonel), 17 (Corona,Sturgeon), 6 (Rúben Neves, Rúben Pinto) e 8 (Brahimi, André Sousa).Seis números em comum não é nada comum nesta fase febril das camisolas de 1 a 99 (aqui ganha Luís Leal). No meio disto tudo, o gigante Jorge Ferreira.
O árbitro é o elemento neutro de um jogo e, neste caso, o mais alto. A sua passada intima qualquer um, até Maxi. Esse mesmo, o Pereira. O lateral-direito do Porto faz uma falta, no chão, já sem bola, sobre Sturgeon e vê o respectivo cartão amarelo. É o quinto deste campeonato em tão-só sete jornadas.Quer isso dizer, está automaticamente suspenso para a próxima jornada, em Braga.
Sete jogos, cinco amarelos. É inédito para Maxi? Não, nada disso.Em 2013-2014, pelo Benfica, o uruguaio vê cinco (dois deles à sétima ronda, vs.Estoril) e toma lá castigo. Agora, repete-se a cena. E no Dragão.
Pausa. Play. É a quarta vez de Maxi a saber da suspensão automática por um jogo no Dragão, após 2007-08 (27.ª jornada), 2008-09 (17.ª) e 2010-11 (10.ª). Este amarelo aparece aos 41’, numa altura em que Belenenses ainda só cometera uma falta, por Kuka, aos 32’. Esqueça o estilo macio do Belenenses. A verdade é outra e lá vamos nós aos exemplos. É que tanto um como outro jogam com a única preocupação de tocar na bola e nunca, nunca, mas nunca mesmo, nos jogadores.
E golos? Ahhhhh, sim, os golos. Não, nada feito.Até ao intervalo, pelo menos. Para cúmulo, o capitãoMaicon lesiona-se e sai de campo apoiado em dois homens da estrutura portista. No balneário, cede a braçadeira ao jovem Rúben Neves e é com este menino ao leme que o FCP arranca para um resultado gordo.
Na segunda parte, Brahimi colhe os louros de ter sido o elemento mais incómodo para os azuis do Restelo – que até se vestem de branco – nos primeiros 45 minutos. Uma bola à barra, mais em jeito do que em força (32’), comprova-o em absoluto. Pois bem, o argelino não só fabrica o 1-0 de Corona (a bola ainda toca no capitão Gonçalo Brandão) como assina o 2-0, num belo salto de peixe a cruzamento de Maxi.
Com dois golos em menos de três minutos, o Porto tranquiliza e roda a bola no meio-campo antes de marcar mais dois, por Osvaldo (boa assistência de Tello) e Marcano (de cabeça).
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Porto vs. Belenenses. Ao colinho de Brahimi
Argelino desbloqueia 1-0 e assina o 2-0 na noite em que o miúdoRúben Neves é feito capitão na segunda parte