Entre o PS e a Paf desfilou a CDU no Chiado. Uma tradição no folclore da campanha que foi cumprido. E do ponto de vista da CDU bem, diga-se. O Chiado encheu-se para ver passar Jerónimo, e muita simpatia nas franjas do percurso, uns de telemóvel em punho para a foto, outros não se contentavam com a foto e tentavam o cumprimento ou o beijinho.
No discurso político sublinhe-se a ideia de que, até ao lavar dos cestos é vindima. É uma metáfora gasta, que o líder comunista não utilizou, mas não se cansou de repetir a ideia: “Até dia 4 há muito a fazer. Conquistar mais um voto, porque um voto na CDU é menos um na Coligação de direita”, diz. Jerónimo de Sousa procura agora quebrar o desencanto provocado pelas medições das intenções de voto. A desilusão dos que esperavam que as eleições fossem uma passeata pelo Chiado e não está a ser, dizem as sondagens.
O líder comunista recorda os objectivos eleitorais da CDU – “ter mais votos e mais deputados e retirar a maioria absoluta à direita.” E também interpreta as sondagens: “Olhando para aquelas tendências o que se pode afirmar é que a direita vai sofrer uma derrota, vão perder essa maioria absoluta, não podendo ter uma maioria qualificada na Assembleia da República”. É convicção de Jerónimo de Sousa que isso é inevitável.
O velho problema coloca-se, então: Como é que o cumprimento desses objectivos se traduz numa solução alternativa de governo. E Jerónimo de Sousa vai deixando cair alguns recados ao PS, que, há poucos minutos, acabara de passar pelo Chiado: “Com reforço da representação parlamentar da CDU, com a nova arrumação parlamentar estaremos sempre disponíveis para o diálogo para resolver os problemas do país, e dos portugueses”.