No Barreiro, muita gente a acompanhar Jerónimo de Sousa pelas ruas, mas também muita gente nos passeios da avenida Miguel Bombarda para o aclamarem e cumprimentarem. Mas a meio do desfile Jerónimo finalmente levantava mais um pouco do véu sobre os potenciais cenários pós eleitorais. Admitia que mesmo que a coligação do governo tenha mais votos não terá condições para governar. E ia mais longe, admitindo, nessas circunstâncias abrir portas a uma “negociação séria para uma solução alternativa”.
“O nosso primeiro objectivo é conseguir uma maior votação na CDU para na Assembleia da República ficar com mais deputados”, disse Jerónimo, para, elencar o segundo objectivo: “derrotar estes partidos do governo do PSD/CDS e retirar-lhes a maioria absoluta”.
E o que é que isso significaria, perguntam os jornalistas? E o líder do PCP, cauteloso, começa logo por dizer: “Cada coisa a seu tempo, julgo que resultados apressados correm o risco de saírem errados”. Jerónimo considera “prematuro” até falar sobre cenários. “Cada coisa a seu tempo”, diz, mas sempre vai acrescentando: “ Depois estaremos disponíveis em todos os momentos para um diálogo sincero que procure resolver esses problemas, que procure concretizar uma política alternativa”. Mas então, insiste o jornalista, se a coligação tiver o maior número de votos, vai permitir que governem? Jerónimo põe ar espantado: “Como assim? eles estiveram estes quatro anos no governo porque tiveram mais de 50% dos votos. Deixemos o povo votar, mas o que as melhores sondagens dão indícios é que passam de mais de 50% para 35% e isso significa que não têm condições para governar, porque a maioria do povo português lhes retirou a maioria absoluta”.